Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Alunos de particulares atrasaram mensalidade

Especialistas afirmam que falta de emprego e crise econômica são responsáveis pelo aumento no número de inadimplentes

Postado em: 13-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Especialistas afirmam que falta de emprego e crise econômica são responsáveis pelo aumento no número de inadimplentes

Karla Araujo

Levantamento realizado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) aponta que 8,8% dos alunos de universidades particulares brasileiras estavam com mensalidade atrasada em mais de três meses em 2015. A pesquisa mostra também que a inadimplência no segmento aumentou 12,9% no ano passado em relação a 2014. O índice é o maior desde 2010, quando a inadimplência do setor atingiu 9,6%. A situação é ainda mais complicada entre as instituições de pequeno porte – com até dois mil estudantes -, que apresentou aumento de inadimplência na ordem de 10%. 

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O presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg), Jorge de Jesus Bernardo, afirma que Goiás segue a mesma tendência que o restante do País. De acordo com ele, a inadimplência em Goiás fica entre 9% e 12%. “A causa é a mesma apontada em outros setores: a falta de emprego causada pela crise econômica. A renda das famílias caiu e a tendência é cortar gastos, e o curso superior é um deles”, diz Bernardo.

De acordo com o presidente, os repasses do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) estão atrasados, mas a expectativa é que as mediadas econômicas do governo interino coloquem o pagamento em dia. Já as bolsas de estudos estaduais, afirma Bernardo, são pagas regularmente. Segundo o presidente, é este dinheiro que tem possibilitado que as instituições particulares de ensino continuem prestando serviço de qualidade. 

A Lei nº 9.870, de dezembro de 1999, determina que o estudante posse frequentar aula normalmente, mesmo com as mensalidades em atraso. Porém, a instituição de ensino não é obrigada a renovar a matrícula do inadimplente para o semestre ou ano letivo seguinte. 

Obstáculo

Ana Paula Lopes, 21, acaba de terminar o curso de Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Ela conseguiu bolsa integral nos últimos dois anos do curso. Sem a isenção, ela afirma que não conseguiria continuar os estudos. “Paguei cerca de R$ 1.200 no início, mas não dava para continuar. Consegui um emprego na secretaria da universidade e com isso também recebi a bolsa de estudos”, afirma Ana Paula. 

O curso de Relações Internacionais é ministrado no Campus V da PUC-GO, próximo ao Estádio Serra Dourada. Ana Paula mora no Conjunto Riviera e passou a maior parte do curso indo para a universidade de ônibus. Há poucos meses ela passou a ir com o carro da família. “Pretendo encontrar um emprego na área no próximo semestre. O curso é bom, mas muito caro”, diz Ana Paula. 

Segurança

O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, afirma que a alta na inadimplência também pode ser explicada pelo corte de recursos do Fies, ocorrido no fim de 2014. Mesmo diante dos números apresentados, Capelato também acredita na estabilidade prevista já para o segundo semestre deste ano. “Isso reflete o aumento da confiança dos mercados na recuperação da economia do País”, diz o diretor. Só no ano passado, o Ministério da Educação perdeu 10% do orçamento devido aos cortes, na mesma época em que a presidente Dilma Rousseff escolheu o slogan “Pátria Educadora” como lema do seu segundo mandato.

 

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