Clínica de hemodiálise não informou sobre surto

Estabelecimento pode voltar a receber pacientes amanhã (15), caso atenda exigências da Secretaria de Saúde

Postado em: 14-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estabelecimento pode voltar a receber pacientes amanhã (15), caso atenda exigências da Secretaria de Saúde

Karla Araujo

A clínica situada no Jardim América, em Goiânia, em que 35 pessoas passaram mal na última semana após hemodiálise não informou à Vigilância Sanitária sobre a contaminação por endotoxina e que pacientes passaram mal no local. O órgão ficou sabendo do problema dois dias após o ocorrido, por meio de denúncia anônima feita por um dos pacientes que passou mal após a sessão de hemodiálise no dia 5 de junho. Até o fim da tarde de ontem (13), três pessoas estavam internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e duas em leito comum de hospitais da capital, em tratamento devido aos efeitos causados pela contaminação.

O gerente de Fiscalização e Projetos da Vigilância Sanitária e Ambiental (Visa), Dagoberto Costa, afirma que a Nefroclínica já realizou o procedimento padrão de troca de equipamentos, limpeza e substituição de insumos. No dia 4 de junho, testes realizados na água usada no procedimento de hemodiálise apontaram a presença de uma bactéria e dez pessoas passaram mal. Costa afirma que a clínica seguiu o protocolo de limpeza durante a madrugada e voltou a atender no dia seguinte, quando 25 pessoas passaram mal durante o procedimento. 

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Com isso, a administração da clínica solicitou a uma empresa privada que realizasse testes na água, que apontou a presença de uma endotoxina liberada após a destruição de uma bactéria. A clínica funcionou normalmente até o dia 8, quando uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no local e determinou a interdição do estabelecimento.  Costa explica que pessoas saudáveis podem ingerir estas bactérias sem que problemas de saúde sejam causados, pois são microrganismos comuns. “Pacientes que passam por tratamentos como hemodiálise já estão debilitadas. Por isso, as clínicas têm sistema rigoroso para impedir que essas bactérias avancem pelos tubos”, afirma o gerente. 

Complicações

Denisia Reis da Silva, 72, é paciente renal crônica e foi uma das pacientes que passou mal durante a sessão de hemodiálise na Nefroclínica. A idosa está internada na UTI do Hospital Samaritano desde a semana passada. A filha dela, Edine Xavier, 44, afirma que Denisia passou mal durante o procedimento, mas a família não foi informada. “Meu irmão a deixou na clínica às 9h e foi buscar às 11h, como de costume. Quando ele chegou para levá-la para casa, disseram que ela havia passado mal, mas já havia sido medicada”, conta Edine. 

De acordo com a filha, Denisia teve febre de quase 40 graus e sentiu muita dor durante a noite. A idosa foi internada no dia seguinte. Os filhos tentaram falar com os responsáveis pela clínica, mas, diz Edine, as ligações não foram atendidas. No estabelecimento, a recepcionista informou que o problema foi causado por contaminação na água. “Nós já conversamos com um advogado e vamos processar a clínica”, afirma Edine. A reportagem do O HOJE tentou contato com a administração da clínica, mas não houve retorno. 

Reabertura

A clínica em questão segue fechada, mas pode voltar a receber pacientes a partir de amanhã (15), caso as recomendações da Vigilância Sanitária sejam atendidas, como monitoramento microbiológico da água, estratégias de controle da contaminação do sistema. De acordo com Dagoberto Costa, análise realizada em amostras de água do estabelecimento mostra que não há mais qualquer tipo de contaminação.  

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