Retirada de areia degrada rios

Reportagem de O HOJE flagrou extração de recurso nas proximidades da Avenida Goiás Norte, no Setor Criméia Leste

Postado em: 15-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Retirada de areia degrada rios
Reportagem de O HOJE flagrou extração de recurso nas proximidades da Avenida Goiás Norte, no Setor Criméia Leste

Deivid Souza 

A poucos metros de uma das obras de mobilidade mais importantes da história de Goiânia – o corredor BRT Norte-Sul – a retirada de areia é uma prática comum.  A reportagem de O HOJE flagrou a extração do recurso no Córrego Anicuns, próximo à Avenida Goiás Norte, na divisa entre os setores Criméia Leste e Urias Magalhães.

Continua após a publicidade

Por volta de 9h, três montes, com aproximadamente um metro cúbico cada um, já haviam sido colocados à margem do curso d’água para transporte, em um ponto acima da ponte sobre a Avenida Goiás Norte. Um pouco mais abaixo do local, seguindo o curso do rio, um operário trabalhava retirando areia. Funcionários que trabalham no corredor do transporte coletivo confirmam que a cena é recorrente no local.

No Setor Urias Magalhães, ao lado do Córrego Anicuns, há uma estrada que permite acesso a caminhões que transportam areia e entulho. Neste local, um caminhão caçamba era carregado de pedras. No local onde o veículo estava, há uma extensa área no centro do curso d’água tomada pela areia.

No mesmo córrego, nas proximidades da Avenida Marechal Rondon, no Setor Urias Magalhães, não observamos a prática na manhã de ontem. No entanto, populares afirmaram que já presenciaram a retirada de areia no local várias vezes.

O delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano Carvalho, demonstra preocupação com o manancial. Ele acredita que a extração de areia, sobretudo de forma manual, é também um problema social. “Os órgãos ambientais municipais precisam dar uma atenção ao córrego. Nós precisamos recuperar o Anicuns. Ele está poluído e há diques de areia lá, ou seja, uma retroescavadeira entrou lá e fez isso”, diz.

A degradação do Anicuns e construções em Áreas de Preservação Permanente (APP) já provocaram tragédias. Em janeiro deste ano, uma chuva deixou vários bairros da região do Anicuns alagados. Várias pessoas que moravam próximas ao manancial foram atingidas pela água que invadiu casas e provocou prejuízos. Cerca de 700 pessoas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM) na ocasião.

O diretor de Licenciamento Ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), José de Moraes, explica que a fiscalização nesses casos é feita em duas frentes. Uma é a abordagem por meio espontâneo onde o fiscal se depara com alguma situação irregular e faz a verificação da legalidade do ato. “A outra forma de fiscalização é por meio de denuncias”, comenta. 

Na maioria dos casos, Moraes conta que as irregularidades são encaminhadas para a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), que é a entidade estadual competente por fiscalizar esse tipo de infração. Para realizar qualquer extração desse tipo de matéria prima é necessário autorização primeiro do Departamento Nacional de Propriedade Mineral, para depois seguir para as licenças locais. 

Interior

No interior do Estado, o Rio Capivarí, que passa pelo município de Palmeiras de Goiás, na Região Sul de Goiás, sofre com o assoreamento. Como a mata ciliar não está preservada em todos os pontos, os problemas ambientais se agravam ao longo do tempo.

 

Veja Também