Sem reforma, CIAMS do Urias continua abandonado

Cenário de total desleixo é o mesmo da última visita da reportagem, em maio, e não há previsão para mudança

Postado em: 16-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Cenário de total desleixo é o mesmo da última visita da reportagem, em maio, e não há previsão para mudança

Mardem Costa Jr.       

Uma reforma, aparentemente, é mais rápida de ser feita em comparação à construção a partir do zero. No entanto, ao que tudo indica, teria sido mais fácil demolir o atual prédio do Centro Integrado de Assistência Médico-Sanitária (CIAMS) do Setor Urias Magalhães, região norte de Goiânia a reformá-lo.

Há dois meses a reportagem de O HOJE foi ao local e constatou que as obras estavam paralisadas, sem qualquer possibilidade de ser entregue ainda esse ano. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) insiste que aguarda apenas a entrega de materiais elétricos para reiniciar os trabalhos de readequação do espaço, inaugurada no último ano da gestão do ex-governador de Goiás Ary Valadão (1979-1982).

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A modernização do CIAMS deveria ter sido entregue em janeiro de 2014, dois meses após o início dos reparos. No entanto, segundo a SMS, isso não foi possível em função da desistência da empresa vencedora da licitação desistiu da obra. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) assumiu a obra, mas não definiu um prazo para a conclusão.

Enquanto isso, a presença de moradores de rua e usuários de crack é nítida. Ao adentrar uma sala atrás da recepção central, um colchão indica que alguém dorme ali sem ser importunado pela Guarda Civil Metropolitana. A sujeira é obrigatória em todos os espaços do local. Os moradores do Urias e redondezas, claro, estão irritados duplamente: tanto pela falta de segurança gerada pela obra abandonada quanto pela demora na conclusão da reforma.

O que mais chama a atenção no decorrer da “visita” é encontrar documentos relativos à atendimentos guardados nos armários de aço. Prontuários, identidades e um cartão de conta estão ali, sem a menor proteção e critério, contendo dados pessoais de pessoas que, de alguma forma, frequentavam o CIAMS. A SMS refutou a presença de qualquer documentação no local, porém as fotos registradas são provas do descaso da gestão municipal com o centro de saúde.

Caixas de papelão chamam a atenção. Ao chegar mais próximo, verifica-se a presença de materiais elétricos, como refletores. Materiais novos, que não deveriam estar ali sem a menor proteção. Um morador, que preferiu não se identificar, relata ter visto usuários de drogas saindo dali com equipamentos a serem instalados no posto.

Referência

Considerada referência na região, o CIAMS Urias Magalhães atendia vários bairros próximos. Com a desativação – que deveria ser temporária – os moradores passaram a depender de unidade de saúde muito distantes do setor. A aposentada Divina Costa, por exemplo, precisou ser atendida num hospital do Setor Pedro Ludovico. “O CIAMS fica pertinho de casa. Se estivesse funcionando, meus filhos não teriam sido obrigados a correr comigo para tão longe. É lamentável, pois o “postinho” era importantíssimo para a gente”, diz.

Recentemente os moradores foram pegos de surpresa com boatos de que a unidade seria desativada e funcionaria como um centro de distribuição de medicamentos. Claro, a noticia não agradou nenhum pouco a população do setor. “A gente não quer mais papo furado de político. Só queremos a unidade de volta”, queixa-se o aposentado José Domingos, morador do Urias há mais de trinta anos..

A SMS, procurada por O HOJE, não enviou posicionamento oficial até o fechamento da edição.

 

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