Vítimas de golpe podem responder por crime

Grupo cursou complementação de graduação, mas diploma que receberam não tem validade

Postado em: 22-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Grupo cursou complementação de graduação, mas diploma que receberam não tem validade

Deivid Souza

Cerca de 50 alunos de uma instituição de ensino de Goiânia podem ter pela frente, além do dissabor de não conseguir o diploma ao cursar a complementação do curso superior, um processo por falsificação de documento. Os estudantes foram vítimas de um golpe.  Eles já possuíam graduação com título de licenciatura, mas voltaram a estudar mais 12 meses com a promessa de adquirir o aval para atuar como bacharel, o que amplia as possibilidades de atuação profissional. As instituições que negaram ser as emitentes dos diplomas ou o Ministério Público Federal (MPF) poderão processar as vítimas por falsificação de documentos.

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Os alunos dos cursos de Pedagogia e Educação Física pagaram parcelas com valor entre R$ 200 e R$ 300 e frequentaram o curso em 2015. A fraude foi descoberta porque o Conselho Regional de Educação Física da 14ª Região (Cref14), que responde pelos estados de Goiás e Tocantins, notificou as instituições de ensino que teriam emitido os documentos, mas estas negaram. 

“Elas diziam que aqueles alunos não pertenciam a elas. Com o aumento específico dessas instituições de ensino, nós começamos a notificar tanto a Delegacia do Consumidor como o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal a respeito dessa materialidade e indício de crime”, explicou o procurador jurídico do Cref14, Samuel Lemos.

O Instituto Millenium de Educação e Cultura (Imec), que fica na Avenida Tocantins, no Centro de Goiânia, afirmava ter parceria com a Faculdade Ibesa de Maceió (AL), Fundação Barra Bonita de Ensino (FunBBE) e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Os certificados das vítimas foram emitidos em nome dessas instituições, mas elas negaram qualquer acordo com o Imec.

Antes disso, o MPF já havia conduzido um procedimento e recomendou que o Imec cessasse as atividades. Na semana passada, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) esteve no local e comprovou os fatos. O Imec funciona desde 2011 e as investigações começaram em fevereiro deste ano. 

Diretor de instituição já tinha passagem por estelionato

O diretor administrativo do Imec, Wilson José de Araújo, 61, foi preso na semana passada, prestou esclarecimentos e foi liberado. “Ele estava obtendo uma ilícita, vantagem oferecendo um serviço, que ao final não era entregue a contento, ou seja, os alunos na expectativa de exercer plenamente as suas profissões se viam frustrados ao final de pagar todos os 12 meses de contrato”, frisou o delegado titular da Decon, Webert Leonardo.

Para o delegado, Wilson teria dito que se tratava de uma franquia, mas a argumentação não o convenceu. Ele vai responder pelo crime de estelionato, cuja pena varia entre três e cinco anos de detenção. Ele já havia sido preso anteriormente, também pelo crime de estelionato. O estabelecimento não foi fechado.

Dica

O procurador do Cref14 orienta que os alunos interessados em fazer cursos semelhantes procurem informações no site do Ministério da Educação (MEC). “Os profissionais que estão querendo saber qual a instituição certa, basta entrar no site do MEC, na plataforma ‘Emec’ e colocar o nome da instituição que é possível ver quais cursos estão autorizados pelo Ministério”, orienta Lemos.

A reportagem de O HOJE entrou em contato com a instituição de ensino, mas foi informada que a diretoria estava em uma reunião para tratar de assuntos educacionais e não poderia nos atender. As investigações apuraram que as instituições citadas pelo Imec como parceiras não tiveram qualquer conduta ilícita.

  

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