Ambulantes permanecem na 44 mesmo após reforço da fiscalização

Apesar do reforço da fiscalização, comerciantes ilegais alegam não ter para onde ir.

Postado em: 23-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

MARDEM COSTA JR.

Mesmo com o reforço da fiscalização a partir da deflagração da Operação Calçada Limpa desde a última terça-feira na Rua 44 e adjacências, os vendedores ambulantes continuam agindo livremente na região. A reportagem de O HOJE esteve ontem no local e constatou a presença de pelo menos quatro vendedores ambulantes no passeio público, apesar das rondas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da atuação dos fiscais da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). Até o momento foram expedidos 39 autos de apreensão e os produtos apreendidos estão sendo armazenados num depósito.

A operação tem com o objetivo de desobstruir as calçadas das vias das redondezas, um dos mais importantes pólos comerciais de Goiânia, que constantemente estão bloqueadas por bancas improvisadas de roupas, comida, entre outros. O procedimento, apesar de legal e importante no ordenamento urbano, contribuiu para tumultuar o ambiente, deixando-o tenso nos últimos dias entre os ilegais e os lojistas, com trocas de ameaças e acusações entre os grupos. 

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Os comerciantes alegam que os vendedores ilegais promovem concorrência desleal e até mesmo afugentam os clientes. “Salvo quem está acostumado, as pessoas que não conhecem a dinâmica da 44 ficam intimidadas. Até mesmo a segurança fica comprometida com os ilegais, já que corre-corre quem garante que furtos não sejam realizados no calor da confusão”, questiona a lojista Marina Machado, que possui uma pequena loja numa galeria.

Por outro lado, os ambulantes reclamam da fiscalização, considerada por eles excessiva e discriminatória. A desconfiança é regra e, apesar da resistência inicial, um deles aceitou conversar com a reportagem. Cristiano (nome fictício), 26, comercializa calças jeans. Ele critica a postura dos comerciantes. “Há espaço para todos aqui. Não entendo o porquê deles quererem nos expulsar daqui. Para onde vamos, o que vamos fazer? Francamente, preferem o que? Pessoas trabalhando ou na rua, podendo roubar?”, desabafa.

Por meio de nota, a Associação Comercial Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) apoia a ação governamental “por viabilizar a passagem dos consumidores pelo local, e retirar as mercadorias ilegais de circulação, que atrapalham o negócio dos empresários que agem dentro da lei”. A entidade também aponta a necessidade de revitalização do entorno da Rua 44, “que vai gerar maior dinâmica econômica e mais conforto aos clientes”.

Reforço

O secretário Sebastião Ferreira Leite, da Seplanh, anunciou que a fiscalização será “diária, contínua e permanente”. Juruna, como é conhecido, salienta que as ações da pasta no sentido contarão com o apoio da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) e Secretaria Municipal de Trânsito (SMT). “Fomos taxativos com eles: ou vão para a Feira da Madrugada ou disputam as vagas remanescentes da Feira Hippie. Podemos até criar uma área, mas não podemos mais tolerar a permanência irregular dessas pessoas”

O chefe de gabinete da Guarda Civil Metropolitana, Valdimir Passos, garante a manutenção do monitoramento. “Vamos apertar o cerco, diminuindo a possibilidade dos ilegais utilizarem brechas, como a troca de turno, para agirem. Não estamos sendo autoritários, como algumas pessoas supõem. Estamos apenas cumprindo a lei e esperamos que o rigor se reflita na melhoria da acessibilidade da região e da sensação de segurança”, pontua. 

 

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