Vacina contra dengue só na rede particular

Anvisa definiu o preço a ser pago ao laboratório produtor da vacina: R$ 132,76 por dose

Postado em: 27-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Anvisa definiu o preço a ser pago ao laboratório produtor da vacina: R$ 132,76 por dose

Deivid Souza e Mardem Costa Jr. 

O Ministério da Saúde (MS) não pretende, pelo menos por enquanto, incluir no Calendário Nacional de Vacinação a proteção contra a dengue, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A pasta afirma que ainda estuda o custo-efetividade para decidir sobre a inclusão. A agência divulgou na segunda-feira (25), o preço autorizado para a comercialização da fórmula por parte do produtor, o laboratório Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.

O valor vai ficar entre R$ 132,76 e R$ 138,53 no País, a variação está relacionada à diferença de impostos estaduais. Em Goiás, o valor será o mais baixo. Este preço e a proteção – na casa dos 66% – pesam na decisão do MS. Para fazer um comparativo, a proteção contra a H1N1 custa aproximadamente R$ 14.

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O valor para o consumidor será maior. O preço divulgado é o que o laboratório vai receber das distribuidoras e clínicas que comprarão a proteção. O tratamento com a vacina inclui três doses, com seis meses de intervalo entre elas. Representantes de clínicas de vacinação de Goiânia, ouvidos por O HOJE acreditam que após 15 dias a vacina, cujo nome comercial é Dengvaxia®, estará disponível por aqui.

O diretor de Recursos e Serviços Próprios da Unimed Goiânia, José Garcia, afirmou que a empresa tem interesse na vacina. O diretor da Clínica Especializada em Doenças Infecciosas e Imunizações, João Guimarães, também deve oferecer o produto aos clientes. “Vamos adquirir a primeira dose. Nós vamos comprar do laboratório e também das distribuidoras”, disse.

A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás esclareceu que a imunização é uma política coordenada pelo MS, portanto, não deve adquirir a fórmula. A Secretaria de Saúde do Paraná já adquiriu, doses do Sanofi e fará uma campanha contra a dengue. 

O fabricante afirma que o produto protege pessoas com idade entre 9 e 45 anos de idade. Ainda de acordo com a empresa francesa, nas Filipinas foi iniciada no início de abril uma campanha de imunização para atender um milhão de crianças. Além das Filipinas, Brasil, México e El Salvador já têm registro da vacina. 

A fabricante afirma que em estudos realizados com participantes a partir de 9 anos de idade ou mais, o impacto previsto da vacina sobre a carga da doença evita oito entre dez hospitalizações e até 93% dos casos de dengue grave, inclusive de dengue hemorrágica.

 

Combate ao mosquito é a melhor proteção, diz especialista 

Apesar do nível de proteção de 66%, abaixo de outras iniciativas do gênero, o médico infectologista Boaventura Braz acredita que a vacina chegou em boa hora. Ele salienta a eficiência da iniciativa, cujos testes feitos com pessoas de 9 a 45 anos, apontaram redução de 81% nas internações e 95% no índice de morte dos pacientes internados, “Ela, sem dúvida, será mais uma das ferramentas na soma de esforços contra a dengue, mas a proteção ainda é a melhor forma de combate”, diz. Mesmo reconhecendo sua importância, Braz considera que o custo da dose é proibitivo “Enquanto a vacina não disponibilizada pelo governo, boa parte da população continuará desprotegida, dependendo das ações de prevenção feitas pela população e Poder Público”.

O MS cogitou em abril deste ano, fazer um teste com 500 mil doses da vacina do Sanofi em Goiânia. O objetivo seria justamente aproveitar as condições epidemiológicas da capital para descobrir a efetividade da Dengvaxia® na população. No entanto, não há definição da pasta a respeito. 

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que está avaliando o custo-benefício do uso da vacina. A pasta avalia erradicação de focos do Aedes aegypti é o método mais eficaz para prevenção da dengue, e também de outras doenças transmitidas pelo mosquito, como zika e chikungunya. 

Butantan

O Brasil tem uma vacina em fase de testes produzida pelo instituto Butantan. Ela poderá proteger as pessoas com apenas uma dose e a previsão é que a eficácia seja superior às demais.

Este ano a dengue afetou 138.677 casos até a Semana Epidemiológica 28, encerrada em 16 de julho. No período, cinco mortes foram confirmadas tendo como causa a doença. Outros 97 óbitos ainda são investigados em Goiás.

 

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