Ipê: um encanto em cada canto

Flores contrastam com o cinza urbano. Goiânia tem pelo menos 80 mil exemplares

Postado em: 02-08-2016 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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Flores contrastam com o cinza urbano. Goiânia tem pelo menos 80 mil exemplares

Deivid Souza

Durante o ano inteiro ela se mistura às demais árvores. Raízes, caule e folhas são comuns às demais espécies, mas é quando o tempo mais castiga os seres vivos com calor e ausência de chuvas que os ipês se destacam. Eles retribuem a crueldade do tempo com grandeza em um show de beleza e encanto.

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Frente à hostilidade da época, a árvore reúne as últimas forças dispensando as folhas para premiar os seres humanos e pássaros com a beleza das flores nas cores amarela, rosa, branca, rosa e roxa. Felizmente, elas não chegam todas de uma vez, porque aqui o ditado ‘o que é bom dura pouco’ é verdadeiro. A floração não costuma passar de duas semanas.

Os dias passam, as condições do tempo se asseveram e as flores vão caindo, mas antes de formar belos tapetes naturais, pássaros se aproveitam do aroma doce e suave para retirar a seiva. “A árvore mantém as flores enquanto elas não são polinizadas. Assim que é feita a polinização, começa a perder a córola (conjunto de pétalas), mas elas não caem todas de uma vez”, explica o professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Goiás (UFG), Heleno Dias Ferreira.

Os moradores da capital aproveitam ao máximo esses dias. “Eu admiro, tiro foto. Acho bonito demais, isso é a natureza”, se encanta o técnico de ar-condicionado, Lázaro Álvaro da Silva, 57, ao passar por um exemplar da pista de caminhada do Jardim Botânico de Goiânia, onde as espécies de flor rosa também já colorem o espaço.

Admiração

O amor à árvore fez com que o prestador de serviço, Hélio José dos Santos, 49, plantasse um Ipê branco e um amarelo na porta de casa. Ele lamenta que o exemplar branco tenha sido levado por outro amante da espécie, mas o quadro pintado pela natureza em frente ao portão o consola com o amarelo das flores. “É muito bom. Os pássaros vêm aqui. Eu gosto muito do Ipê”, diz com um sorriso.

Os ipês não têm utilidade apenas para paisagismo. A madeira pode ser utilizada na construção civil, produção de instrumentos musicais e acabamento de móveis. Outra curiosidade é que não é um privilégio dos habitantes do Cerrado. A planta é encontrada em outros países da América do Sul e no Brasil em estados das regiões Sudeste e Sul. 

Colorido está distribuído por Goiânia 

O colorido está espalhado em diversos pontos de Goiânia. Em 2014, de acordo com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) eram pelo menos 80 mil ipês na capital. “Os ipês são árvores bonitas, mas como as folhas caem, devem ser combinados com outras árvores para o paisagismo”, acrescenta Ferreira.

As flores que agora encantam vão embora. A floração do Ipê acontece geralmente nos meses de agosto e setembro. As plantas se despedem das flores anunciando o fim do inverno e a chegada da primavera. Os ipês, com o período chuvoso serão como as demais árvores e poderão até passar despercebido por nossos olhares nos próximos meses, mas, se preservados, voltarão a fazer a alegria dos habitantes do Cerrado no próximo ano. 

Com generosidade e inteligência, as flores dos ipês nos deixam na companhia de outras espécies que dão vida ao ambiente cinza da cidade durante a primavera. 

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