Goiânia tem 40 imóveis com lixo acumulado

Prefeitura espera por liminar da Justiça que autoriza a retirada do material de propriedades privadas mesmo sem concentimento dos moradores

Postado em: 10-08-2016 às 06h00
Por: Renato
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Prefeitura espera por liminar da Justiça que autoriza a retirada do material de propriedades privadas mesmo sem concentimento dos moradores

Karla Araujo

O município de Goiânia possui mais de 40 imóveis com lixo acumulado. O dado foi divulgado pelo Departamento de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que monitora os locais, pois são pontos com alto índice de proliferação do mosquito Aedes aegypti – transmissor dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. De acordo com a SMS, existem dois tipos de acumuladores de lixo: os que juntam material reciclável em grande quantidade para vender; e os que o fazem por terem Síndrome de Diógenes (SD), que os impedem de desfazer-se do material encontrado, ou outra doença. 
Por tratar-se de propriedade privada, os órgãos da Prefeitura de Goiânia não são autorizados a retirar o material dos imóveis. A diretora de Vigilância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, explica que a pasta possui liminares expedidas pela Justiça que autorizam servidores capacitados a entrar em imóveis fechados e não habitados e em imóveis com moradores que não permitem de forma espontânea a entrada de agentes de saúde.  De acordo com Flúvia, a SMS, em parceria com o Centro de Apoio Operacional (CAO) do Meio Ambiente e o CAO da Saúde do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), entrou com pedido de liminar para que os funcionários da secretaria também sejam autorizados a entrar em propriedades em que moradores acumulam lixo e retirar o material mesmo sem autorização do proprietário. “Neste caso, até mesmo força policial será usada, se for necessário”, explica Flúvia. 

Caso
Em abril, a reportagem do O HOJE visitou J.L., 77, deficiente auditivo e mudo, morador da Vila Santa Helena, em Goiânia. A irmã dele Maria Lopes da Silva, 68, afirma que J.L. acumula lixo a tanto tempo que a família não se lembra quando começou. Na época, uma equipe multidisciplinar da SMS começou a acompanhar o idoso que, segundo a irmã, foi diagnosticado com esquizofrenia e internado diversas vezes. 
Cinco meses depois, O HOJE voltou ao local e a quantidade de lixo aumentou. “O pessoal da prefeitura veio aqui com o caminhão, tentaram tirar o lixo, mas meu irmão não deixou”, conta Maria. O acumulador até dorme do lado de fora da casa, em meio ao lixo, para certificar-se que ninguém roube o material. Sobre o caso, Flúvia afirma que J.L possui alguma síndrome que o impede de se desfazer do material, mas não foi possível fazer o diagnóstico porque ele recusou tratamento. “Não existe internação compulsória. Sem a liminar da Justiça, não podemos limpar o imóvel. É preciso esperar. Enquanto isso a equipe continua acompanhando a família”, explica Flúvia. 

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Procedimento
Entre os casos identificados em Goiânia está o de uma moradora da Vila Abajá, que também acumula lixo há anos. Moradores reclamam que a sujeira atrai baratas, escorpiões e ratos. De acordo com a SMS, a mulher foi identificada, mas também recusou tratamento médico e a limpeza da propriedade. Flúvia explica que ao identificar um acumulador de lixo, o primeiro passo da SMS é tentar convencer o proprietário a retirar ou vender o material. Em seguida, uma equipe multidisciplinar da prefeitura é designada para acompanhar a família para identificar a existência de problemas de saúde. 

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