Quantidade de imóveis tomados pela Caixa por inadimplência aumenta em 2015

Inadimplência causada por crise econômica e falta de informação levou ao aumento do número que, em cifras absolutas, chegou a 13.137

Postado em: 12-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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Inadimplência causada por crise econômica e falta de informação levou ao aumento do número que, em cifras absolutas, chegou a 13.137

A quantidade de imóveis tomados pela Caixa Econômica Federal devido ao atraso no pagamento das parcelas de financiamento aumentou 53% em 2015, em comparação ao ano anterior. Os dados foram divulgados pela Caixa Econômica Federal, detentora de cerca de 70% do crédito imobiliário do País. Em números absolutos, 13.137 unidades habitacionais foram ofertadas em leilão no ano passado após serem tomadas. Em 2014, foram 8.541 imóveis.

O presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo – Seção Goiás (IBEDEC-GO) e Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação – Seção Goiás (ABMH), Wilson Rascovit, afirma que o aumento da inadimplência deve-se a avaliação precária realizada pela instituição financeira ao conceder o crédito para a compra de imóveis e também a falta de informação dos mutuários em relação aos seus direitos diante de dificuldades financeiras para quitar parcelas de financiamento. 

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“A Caixa permite que o interessado em fazer financiamento de imóvel coloque renda não declarada. Se, além do emprego formal, a pessoa tem alguma função que lhe garante ganhos, como artesanato ou manicure, por exemplo, esta renda vale para a instituição financeira”, explica Rascovit. O presidente ressalta que nem sempre os vencimentos a mais declarados são verdadeiros ou garantem o pagamento das mensalidades. 

Crise
Cláudia Beatriz de Paula Nogueira, 44, e seu esposo, André Luis Resende Nogueira, 45, iniciaram processo de financiamento pela Caixa de um imóvel para realizar o pagamento em quatro anos com parcelas de R$ 3,6 mil mensais. Cláudia conta que quanto ela e André assinaram o contrato, o casal tinha uma fábrica de metais utilizados em roubas e calçados. “Com a crise, nossa empresa fechou e tivemos muita despesa. As parcelas da nossa casa começaram a atrasar e recebemos as notificações de que o imóvel seria tomado pela Caixa”, conta Cláudia. 

Em processo na Justiça, Cláudia e André conseguiram provar que deixaram de pagar as parcelas devido a sérios problemas financeiros. Com isso, o juiz Juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, decidiu no dia 6 de julho que o valor da parcela fosse de R$ 270 até discutir o mérito da ação, o que pode demandar anos. Cláudia conta que ela e o esposo estão trabalhando como representantes de uma empresa que não tem filial em Goiás, mas as vendas continuam baixas. “Não vivemos mais com o padrão de antes, mas não correr o risco de perder nossa casa já é muito bom”, diz Cláudia. 

Direitos 

Para Rascovit, o alto número de imóveis tomados pela Caixa no ano passado mostra que o momento não é propício para realizar este tipo de investimento. De acordo com o presidente, se o interessado em financiamento não tiver pelo menos 70% do valor total do imóvel, as taxas de juros não são atrativas.  Rascovit também aconselha que mutuários que passam por problemas financeiros procurem advogados especialistas em Direito Imobiliários ou o IBEDEC-GO para receber informações sobre como proceder. 

“Nem sempre a instituição financeira pode tomar o imóvel imediatamente. Em alguns casos é possível usar o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), está no contrato, mas o mutuário não tem a informação”, alerta Rascovit. 

Estatística

Desde 2010, o número de imóveis colocados em leilão pela Caixa devido inadimplência aumentou 90%. Naquele ano, foram mais de 6.798 imóveis. Em 2011, o número subiu para quase nove mil. Os três anos seguintes apresentaram queda na quantidade de imóveis tomados, mas em 2015 o número disparou. 

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