Greve de onibus em ritmo de banho-maria

Paralisação pode ser definitivamente descartada, caso empresários acatem proposta salarial dos trabalhadores

Postado em: 16-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Paralisação pode ser definitivamente descartada, caso empresários acatem proposta salarial dos trabalhadores

Apossibilidade de greve dos motoristas do transporte coletivo da Grande Goiânia pode estar ficando para trás. Os trabalhadores, durante assembleia improvisada, decidiram suspender qualquer indicativo de paralisação até às 14h de hoje, quando uma segunda audiência de conciliação será realizada no Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (TRT-GO).  
Eles querem aumento de 11,08% no salário-base e ainda um acréscimo de 20% no auxílio-alimentação retroativos a julho desse ano – atualmente recebem, respectivamente, R$ 1.716,97 e R$ 540. Os rodoviaristas, por sua vez, propõem reajuste de 5,5% e alegam falta de condições financeiras para arcar com uma maior majoração salarial. 
Ontem foi a realizada a primeira audiência para tentar conciliar os interesses entre empresários e trabalhadores. Durante a sessão, os ânimos ficaram acirrados e o consenso parecia algo longe de ser obtido. O, desembargador e vice-presidente do TRT Breno Medeiros, propôs que os motoristas se reunissem para definir um posicionamento. A proposta foi aceita e eles foram para a porta do Tribunal, no Setor Bueno. 
Apesar de um princípio de tumulto, com direito a empurrões e agressões verbais entre trabalhadores e sindicalistas, uma votação foi feita e ficou decidido que eles aguardariam o posicionamento do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) sobre a viabilidade do reajuste defendido pelos motoristas. 
Casos os rodoviaristas aceitem o pedido feito pelos motoristas, ela será homologada . “Estamos esperançosos que o SET aceite a nossa proposta. Sabemos que esse ano e atípico, pela crise econômica, e estamos tentando repor a inflação, pelo menos. Se não aceitarem o que pedimos, aí não haverá outro caminho que não a greve”, enfatiza Alberto Magno Borges, presidente do Sindttransporte.

Conflito
Os motoristas chegaram a definir que um movimento grevista começaria ontem. No entanto, uma liminar deferida por Medeiros, a pedido do SET, impediu uma paralisação total. 
Apesar de reconhecer a legalidade da greve, o magistrado estipulou que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de Goiás (Sindttransporte) mantenha a frota mínima de 70% nos horários de pico e 50% nos entrepicos e que não realize manifestações ou atos violadores dos direitos fundamentais, como “operações tartaruga” e interrupção de itinerários.
As negociações salariais se arrastam desde março, data-base da categoria. Os empresários alegam que o segmento rodoviário urbano sofre as consequências da redução do número de passageiros transportados e de prejuízos decorrentes do congelamento da tarifa no ano de 2013. De acordo com o presidente do SET, Décio Caetano, somente no primeiro semestre de 2016 houve uma queda de 11%. Em todo o ano passado, o percentual foi de 9%. 
“Vamos nos esforçar para evitar a suspensão do transporte coletivo em Goiânia, mas precisamos enfatizar que o segmento está com sérias dificuldades de ordem econômica. Nos anos anteriores, concedemos reajustes acima da inflação. Agora precisamos ter cautela, até para que as empresas não fiquem inviabilizadas”, diz.

Angústia
A possibilidade os ônibus não circularem mexeu com os trabalhadores que acompanharam a assembleia improvisada no TRT, na altura da Rua Orestes Ribeiro. Ana Paula Silva, 35, ficava indignada a cada fala de trabalhadores e sindicalistas. “Eles estão sendo egoístas. É sempre assim, só o usuário sai perdendo”, queixa-se. Ela mora no Madre Germana, em Aparecida de Goiânia, e gasta entre 1h30 e 2h para chegar ao tribunal, onde trabalha como auxiliar de limpeza.

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