Clínicas ameaçam suspender tratamento de hemodiálise

Falta de reajuste na tabela do SUS é o principal motivo. Desde 2014, o convênio oferece pagamento de R$ 179 no tratamento que custa R$ 313

Postado em: 19-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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Falta de reajuste na tabela do SUS é o principal motivo. Desde 2014, o convênio oferece pagamento de R$ 179 no tratamento que custa R$ 313

Milleny Cordeiro 

Donos de clínicas nefrológicas goianas relataram, em audiência pública realizada na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, as dificuldades enfrentadas no atendimento de pacientes renais pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Segundo informações do Presidente da Associação dos Doentes Renais Crônicos de Goiânia, Elcimar José, a falta de reajuste na tabela do SUS ameaça o fechamento de clínicas que relatam defasagem nos valores da tabela do SUS.

O Sistema Único de Saúde não consegue cobrir o custo real do tratamento. Segundo Elcimar, a hemodiálise custa R$ 313, mas o SUS paga apenas R$ 179, valor estabelecido desde 2014. Em mais de 15 anos, poucos foram os reajustes feitos na tabela. Em agosto de 2001, o valor custeado pelo SUS era de R$ 102, em março de 2012 o reajuste elevou o valor para R$ 170, sendo que o custo real do tratamento era de R$ 235 na época. 

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Só em Goiânia funcionam 13 clínicas nefrológicas, as quais atendem cerca de 200 a 250 pacientes renais por turno. “Se elas fecharem o que acontecerá com os pacientes? Eles podem morrer. É como o câncer, a pessoa precisa de radioterapia para se tratar”, relatou Elcimar. Ele revelou que a Associação possui oito vans que auxiliam no transporte de 1.100 pacientes às clínicas e que 1.600 pessoas aguardam na fila para serem atendidas na capital. O número de automóveis, segundo ele, é muito pequeno e já não consegue atender a todos. 

Reajuste

O presidente da Assembleia, deputado Hélio Antônio de Sousa fez a abertura da audiência. Ele informou ao O HOJE sobre a necessidade do tratamento e também reforçou a importância do reajuste na tabela. “A clínica que atende pelo SUS encontra-se defasada pela falta do reajuste, o que dificulta o atendimento de pacientes. Queremos trabalhar junto ao Ministério da Saúde para rever essa tabela e reajustá-la”, afirmou o presidente. 

O Governo Federal é o responsável pelo reajuste e pelo repasse de verba para o governo municipal. A Secretaria Municipal de Saúde foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou em relação à administração da verba. 

De acordo com Hélio, os presentes na Assembleia, incluindo Elcimar, buscam agora trabalhar com apoio dos deputados para que eles vejam, junto ao prefeito, governador e ministro da Saúde, a resolução dos problemas. Foi considerado também o pedido de apoio à prefeitura na isenção de pagamentos de impostos das clínicas, como o IPTU. O objetivo é sensibilizar os prefeitos dos municípios que possuem clínicas para que eles atuem como facilitadores na manutenção dos atendimentos. 

Audiência
“A hemodiálise está à beira do colapso no Brasil” foi o tema discutido na audiência pública realizada na manhã de ontem (18), na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. O evento contou com parceria da Comissão de Saúde e Promoção Social e chamou a atenção para o atendimento deficitário de pacientes renais nas clínicas nefrológicas no Brasil que adotam o Sistema Único de Saúde. 

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