Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Morte em Matrinchã: contexto político foi determinante para apuração

Um dos suspeitos de participar do crime, recebeu proposta de contratos no valor de R$ 80 mil mensais

Postado em: 20-08-2016 às 06h00
Por: Renato
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Um dos suspeitos de participar do crime, recebeu proposta de contratos no valor de R$ 80 mil mensais


Deivid Souza

O entendimento do contexto político foi muito importante para a conclusão do inquérito do homicídio do prefeito de Matrinchã – município do Nordeste Goiano – Daniel Antônio de Souza (PTB) e sua esposa, a primeira-dama, Elizete Bruno de Bastos, ocorrido no dia 4 de agosto de 2015.
O delegado Kleber Toledo, que presidiu a primeira fase do inquérito, e o colega Valdemir Pereira que concluiu as investigações afirmaram ontem à imprensa que o contexto político foi determinante para a apuração dos fatos. Pereira disse que o prefeito havia descoberto “irregularidades” em processos licitatórios coordenados pelo então secretário de Finanças do município, Hélio Alves Soyer, 67, e contratou uma empresa de auditoria para investigar os processos, o que motivou o “ódio” de Hélio por Daniel.
Para Toledo, um procedimento aberto para investigar problemas na prefeitura contribuiu para os desentendimentos. “Daniel no meio desse curso, desconfiava que alguém ligado a ele, do time dele, dentre eles era o Hélio Soyer e o Cleib de Morais, eles poderiam ser as pessoas que estavam passando informações de dentro da prefeitura para que a Câmara de Vereadores cassasse o mandato do Daniel, e assim o vice pudesse assumir. Quem que era o vice? Cunhado do Cleib”, disse ontem o delegado.
Em um dos ajustes financeiros que o prefeito fez, a esposa de Soyer perdeu uma gratificação. Ela teria reclamado para o prefeito supostamente teria dito “se ela estivesse passando dificuldade comeria arroz em um dia, feijão no outro dia e mamão cozido no outro dia”, o que alimentou a desavença.
A decisão de matar o prefeito foi tomada pela dupla três meses antes do fato. O Homicídio foi praticado diretamente, segundo o inquérito, por Soyer e Dalmi. Durante as investigações, Soyer prestou dois depoimentos em que afirmou ter cometido os dois assassinatos sozinho. Dalmi também tentou despistar a Polícia Civil (PC) afirmando que quando chegou ao local as vítimas já estavam mortas, afirmou  Toledo. 
No entanto, após um ano de investigação o inquérito de 1,5 mil páginas, divididas em cinco volumes, pede o indiciamento de Cleib por homicídio qualificado e Hélio e Dalmi por duplo homicídio qualificado. 
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Dalmi e Cleib. O advogado Douglas Messora, que representa Soyer afirmou ao O HOJE que ainda não teve acesso à totalidade do inquérito. “Eu devo esperar o Ministério Público oferecer denúncia para nos situarmos tecnicamente no trabalho defensivo”, disse.
Os três suspeitos estão presos temporariamente, com duração de 30 dias, mas o delegado Valdemir Pereira já pediu a conversão da prisão em preventiva.

Surpresa
O pai de Daniel, Geraldo Galdino de Sousa, contou à imprensa que tem vivido pela graça de Deus. “Deus dá a força para a gente. Por que não está certo. É como eu tenho falado: nossa vida é boa para quem sabe viver e sabe amar, eles não souberam”, julgou.
Geraldo, outros familiares e amigos do casal morto compareceram à porta da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) para acompanhar o caso e agradecer o trabalho da PC.

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Dinâmica dos fatos intriga investigadores

O crime havia sido premeditado cerca de três meses antes da consumação. No inquérito consta que Cleib e Soyer chegaram a cogitar que Daniel fosse assassinado em Goiânia. Eles premeditaram o crime e sondaram algumas pessoas para executarem. Dalmi assumiu a função e receberia em troca contratos no valor de R$ 80 mil por mês.
No inquérito consta que no dia 4 de agosto, Soyer e Dalmi foram à casa do prefeito com o pretexto de resolver questões administrativas. Daniel sentou-se à mesa com os três e quando este foi ler um documento entregue por Soyer, Dalmi o atacou com golpes de marreta na cabeça. Soyer teria cortado o pescoço da vítima com uma faca, enquanto esta ainda estava com vida. Em seguida, Elizabete se assustou correu para a cozinha quanto também recebeu os mesmos golpes.
Dalmi só confessou os fatos na reconstituição realizada pela PC. “O Helio no seu terceiro interrogatório confessou o crime deu detalhes como o crime ocorreu e Dalmi só confessou no dia da reconstituição, lá no local ele resolveu falar a verdade”, diz Pereira.

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