Teste avalia estabilidade do quadril de bebês e evita má-formação

Mesmo não sendo obrigatório, o procedimento é importante na verificação de problemas ortopédicos e previne alterações no quadril

Postado em: 22-08-2016 às 06h00
Por: Renato
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Mesmo não sendo obrigatório, o procedimento é importante na verificação de problemas ortopédicos e previne alterações no quadril

Milleny Cordeiro

Logo após o nascimento, os bebês são submetidos a uma série de exames obrigatórios, dos quais o mais conhecido é o do Pezinho. Poucos pais sabem, mas existe um teste muito importante que garante a saúde ortopédica da criança, é o Teste do Quadril. Ele não está na lista dos obrigatórios, mas tem virado rotina nas maternidades. Trata-se de um exame físico simples, cuja finalidade é avaliar a estabilidade do quadril da criança e identificar possível luxação. 
O médico ortopedista Luiz Fernando Jardim, do Hospital Materno Infantil (HMI), explica que no teste são feitos dois procedimentos, a Manobra de Ortolani e a Manobra de Barlow, realizados logo após o nascimento pelo médico pediatra que acompanhou o parto. O procedimento é rápido, não necessita de aparelhos e consiste na adução do quadril (Barlow) e na flexão e abdução (Ortolani) das pernas do bebê, deitado em maca. Com as mãos, o pediatra consegue sentir se houve ou não o deslocamento do quadril. 
Durante o teste, a afecção pode ser detectada após a ocorrência do sinal de Ortolani, que consiste em um estalo. Esse sinal é o principal motivo da realização precoce do teste, pois, após um mês de vida, ele desaparece no bebê, inviabilizando o diagnóstico da Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ). A DDQ compreende alterações que atingem o quadril em crescimento, como a displasia, a subluxação (quadril instável) e a luxação congênita da articulação. 
De acordo com Jardim, não existem muitos dados disponíveis sobre a ocorrência de DDQ em recém-nascidos. A incidência é de um em cada mil bebês. “É muito baixa. Quando o médico-pediatra tem apenas a suspeita é de uma a cada dez crianças”, informa o ortopedista. 

Tratamento
Após o diagnóstico positivo advertido pelo pediatra, o bebê é rapidamente encaminhado para o ortopedista que solicitará uma ultrassonagrafia para confirmar ou descartar a ocorrência de alguma alteração ortopédica. Caso uma DDQ seja confirmada, a criança passará por acompanhamento médico. Até os seis meses de idade, o tratamento consiste no uso do suspensório de Pavlik, que trata e recoloca o quadril no lugar. 
Depois dessa idade, explica Jardim, a criança precisa ser anestesiada para recolocar o quadril, que é engessado por até seis meses para melhor estabilidade. Dos dois até os oito anos de idade, a situação só pode ser revertida com intervenção cirúrgica. “A operação é realizada principalmente na articulação, mas há interferência no fêmur e na bacia também. Com o passar do tempo, vai ficando cada vez mais difícil reconstruir o quadril, por isso é importante fazer o teste para diagnosticar e tratar precocemente e de forma mais simples”, diz. Após os oito anos, a cirurgia pode não trazer bons resultados, podendo até piorar o quadro clínico do paciente. 
Apesar da sua eficácia, a Manobra de Ortolani pode, eventualmente, não gerar um diagnóstico seguro. No caso de dúvida, a criança é imediatamente encaminhada para a ultrassonografia. Isso acontece muito em nascimentos pélvicos, quando o bebê é gerado sentado. O ultrassom é obrigatório para o diagnóstico de displasia no quadril, o qual poder vir a luxar posteriormente. 
Além da posição pélvica, outros fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento de DDQ: mãe jovem, primeiro filho, histórico familiar, recém-nascido com maiores peso e altura, criança gerada com a perna próxima à coluna da mãe (o que diminui a mobilidade de uma das pernas) e bebês do sexo feminino, devido a presença de hormônio que torna a articulação mais flexível e favorável à luxação. 
Não sendo diagnosticada e tratada precocemente, a alteração no quadril pode gerar futuras complicações clínicas. “O primeiro sinal aparece quando a criança começa a andar de forma manca, o que representa um diagnóstico tardio e mais difícil para tratar”, explica Jardim. A perna da criança ficará menor e o quadril não crescerá adequadamente. Na fase adulta, a pessoa poderá sofrer com osteoartrose, dores e desgastes na articulação. 

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Projeto de Lei
Em Goiás, o Projeto de Lei Nº 1856/15, do deputado Talles Barreto, obriga a realização do Teste do Quadril na rede de Saúde pública e privada do Estado. O texto já recebeu veto integral não apreciado do governador Marconi Perillo e, atualmente, aguarda nova avaliação dos deputados. Para o ortopedista Luiz Fernando Jardim, a lei é discutível porque o exame já é rotina na avaliação física realizada no bebê pelo pediatra.
“Hoje em dia não se faz parto sem pediatra na sala. Se ele suspeitar da doença, achar que o teste deu positivo, ele encaminha para o ortopedista tratar. Talvez, no interior, onde pode não haver pediatra na sala, o exame pode não ser feito”, diz. Jardim ainda explica que, mesmo que o exame não seja realizado horas após o nascimento, ele ainda é realizado no retorno da criança ao pediatra, com uma semana de vida. 

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