Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Responsáveis sabiam de risco em obra, diz delegado

Uma testemunha afirmou em depoimento que escavadores alertaram sobre perigo de desmoronamento

Postado em: 23-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Responsáveis sabiam de risco em obra, diz delegado
Uma testemunha afirmou em depoimento que escavadores alertaram sobre perigo de desmoronamento

Os responsáveis pela ampliação de uma clínica no Setor Sul, onde dois operários morreram durante um serviço de escavação, no último dia 10 sabiam do risco que era realizar o trabalho sem a instalação de escoras segundo a Polícia Civil (PC). O delegado titular do 1º Distrito Policial de Goiânia, responsável pelo caso, Izaías de Araújo Pinheiro, afirma que uma testemunha disse em depoimento, que uma das vítimas avisou o responsável da obra sobre o risco que era dar continuidade aos trabalhos.
“Antes de entrar [no buraco], uma das vítimas subiu lá na calçada depois do almoço e ainda alertou um dos engenheiros, mas ele disse que poderia descer e continuar”, disse Pinheiro ao O HOJE. A testemunha não soube informar o nome do responsável, mas declarou ser uma pessoa com capacete branco. “A gente crê que era um dos responsáveis técnicos”, completa o delegado.
O engenheiro civil Sidney Borges Rodrigues, responsável técnico da obra e o sócio-proprietário da J Aguiar Construtora, Álvaro Faria de Aguiar, prestaram depoimento no 1º DP na sexta-feira (19). De acordo com uma nota enviada à imprensa, os dois sustentaram que o empreiteiro contratado para realizar o serviço de perfuração, Adenilton Francisco dos Santos, recebeu ordem “expressa” para suspender as escavações até que o talude recebesse o reforço de escoras.
Ainda de acordo com a nota, Sidney confirmou que um técnico de segurança do trabalho acompanhava a obra e todos os trabalhadores recebiam os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
A conclusão do inquérito deve levar entre 30 e 60 dias. Assim que concluídos, serão anexados os exames de corpo de delito das vítimas, o laudo do Instituto de Criminalística sobre as condições do local e o relatório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO). Com base nos depoimentos colhidos até o momento, Pinheiro considera que houve “negligência” por parte dos gestores da obra. “Nós ainda vamos ouvir outras pessoas, mas essa fase de oitivas é rápida e já está bastante adiantada. Agora os laudos demoram ficar prontos”, diz o delegado.

Punição
O Crea-GO explicou que o relatório vai levar alguns dias para ficar pronto, pois ainda aguarda a entrega de alguns documentos da clínica. O relatório será encaminhado para a comissão de ética do Crea-GO, que vai apreciar o documento. Dependendo do conteúdo, poderá ser aberto processo para investigação de responsabilidades. Se confirmada negligência, os engenheiros poderão ser punidos com penas que variam de advertência até a cassação do registro profissional. A reportagem do O HOJE não conseguiu contato com o empreiteiro Adenilton.
Os operários Carlito Francisco dos Santos, 39, e Wender César de Oliveira, 39, foram soterrados no dia dez deste mês quando faziam uma escavação na esquina da Rua 124 com a Avenida 87, no Setor Sul para a ampliação de uma clínica. Os dois foram encontrados sem vida.
 

Veja Também