Clínica é fechada por maus tratos

Dois homens foram presos suspeitos de serem os responsáveis por manter 18 pessoas em cárcere privado em uma clínica de tratamento de

Postado em: 24-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Clínica é fechada por maus tratos

Dois homens foram presos suspeitos de serem os responsáveis por manter 18 pessoas em cárcere privado em uma clínica de tratamento de dependentes químicos que funcionava de forma ilegal em uma chácara na Região Metropolitana de Goiânia. A investigação começou há 15 dias, logo após um ex-interno denunciar a situação da clínica à Polícia Civil. A clínica funcionava na Capital há dois anos, mas antes teve sede em Guapó por um ano. 

De acordo com o delegado titular do 22º Distrito Policial e responsável pelo caso, Sérgio de Sousa Arraes, a clínica não possui alvará de funcionamento e casos de tortura e maus tratos foram denunciados pelos internos. Entre os presos está Bruno Volpato, apontado como o dono da clínica que, segundo o delegado, não praticava os atos de violência, mas tinha pleno conhecimento do que acontecia. O outro preso é Izael da Silva Oliveira, funcionário contratado há poucas semanas. De acordo com o delegado, ele compactuava com os maus tratos.

Em depoimento, diz o delegado, as vítimas informaram que a violência era pior com os idosos, que eram afogados em uma piscina quando apresentavam algum comportamento avaliado como inadequado. “Eles contam que eram dopados e jogados dentro de um buraco que havia no quintal. As famílias foram enganadas, pois o Bruno falava que havia médicos e psicólogos, mas isso não é verdade. As visitas aconteciam uma vez por mês”, afirma Arraes. Ainda de acordo com o delegado, toda a medicação era administrada sem receita médica e sem nenhuma avaliação.

Continua após a publicidade

Estratégia
Arraes explica que para impedir que ocorressem fugas, Bruno e Izael delegava a função de ‘monitor’ para alguns internos. Em contrapartida estes monitores eram autorizados a agredir outros internos. “Criava-se um clima de medo. Quando ocorria alguma fuga, os monitores eram agredidos pelo funcionário”, diz o delegado. Além dos presos, outro funcionário está foragido. As famílias pagavam de R$ 500 a R$ 1.000 pela internação. 

Aureo Sérgio da Silva Mendes, 32, ficou internado na clínica durante quatro meses. Ele conta que foi jogado dentro de um buraco e tomava remédios contra sua vontade. “Já fiz cirurgia na coluna e não posso carregar muito peso, mas eu era obrigado transportar entulho”, diz Aureo. Ele conta também que foi internado porque é usuário de maconha e crack, mas pretende voltar para casa e trabalhar. “Minha filha fez dez anos semana passada. Quero muito ver ela. Não vejo a hora. Agora quero ver minha família, pegar umas mercadorias e virar vendedor”, diz.

Acompanhamento

Outro agravante do caso é que as internações eram compulsórias, o que é proibido por lei. Segundo o gerente de fiscalização e projetos da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Dagoberto Costa, os internos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito. A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informou que vai dar assistência aos que não têm familiares.

Dagoberto Costa afirma que Goiânia possui clínicas autorizadas a realizar esse tipo de tratamento e que as famílias devem tomar cuidado na hora de escolher esses locais. “Devem verificar se o local possui um responsável técnico, alvará sanitário e se tem autorização de funcionamento”, destacou.

Veja Também