Espaço do Cais Garavelo pode virar shopping

Karla Araújo 
A Praça da Igualdade, que abrigava o Cais Garavelo e ainda é endereço de um Cmei e do Sine municipal, pode ser transformada em um shopping com administração privada. O Cais foi demolido há dois meses e o entulho retirado. O secretário de governo e integração institucional de Aparecida de Goiânia, Euler Morais, explica que, além deste projeto, a prefeitura estuda a revitalização do local apenas como uma praça em conjunto com a reforma de toda a Avenida Igualdade. 
“Vamos fazer audiência pública para consultar a população sobre qual destas é a melhor opção”, garante o secretário. A proposta para construir um shopping no local surgiu da iniciativa privada. De acordo com Euler, um grupo de empresários realizou um estudo de mercado para saber qual seria a melhor utilização do espaço. “Nesta opção, será construído um pequeno shopping com três andares e dois subsolos, sendo que um deles será de estacionamento”, explica o secretário. Para viabilizar a obra, um projeto de lei será encaminhado à Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia.
Em contrapartida, o projeto prevê que a empresa responsável pelo empreendimento, escolhida em processo licitatório, cederá um dos andares do shopping para serviços da prefeitura. De acordo com o secretário, a estrutura que o município terá no local terá o valor do terreno cedido, avaliado em R$ 22 milhões. O objetivo é que neste caso a obra seja acompanhada também da revitalização da Avenida Igualdade, principalmente quanto à iluminação e a padronização das calçadas. 

Reprovação
Diferente do que pensa a administração do município, a aposentada Maria Abadia Lima de Souza, 71, lamenta que o Cais Garavelo tenha sido extinguido. “É muito triste. A gente esperava que o Cais fosse reformado, mas apenas demoliram”, diz a idosa. Ao ser informada pela reportagem do O HOJE que o local poderia dar lugar a um pequeno shopping, a aposentada desaprovou a novidade. “O povo não precisa de shopping, tem outro aqui perto. A gente precisa é de saúde”, afirma Maria Abadia. 
O vendedor ambulante Eds da Silva Oliveira, 28, e sua esposa, Rosicley Bolasco do Vale, 34, também desaprovam a construção de um shopping no lugar. “Bom mesmo seria se tivessem reformado o cais e deixado aberto. Mas se não dá, pode fazer uma praça bem bonita. Não precisa de shopping aqui”, afirma Rozicley, que está grávida de dois meses. O casal tem uma filha de três anos chamada Nicolly e trabalham vendendo roupas e acessórios em uma barraca armada na praça onde ficava o cais. “Se resolverem construir mesmo o shopping aqui, a gente vai ter que arrumar outro lugar para trabalhar, é ruim porque nós moramos aqui perto”, diz Eds.

Problemas 
O Cais Garavelo foi interditado em abril do ano passado após determinação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE-GO), que alegou diversas irregularidades quanto à estrutura, higiene e equipamentos. A demanda da unidade de saúde foi transferida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas do Setor Buriti Sereno. A Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia garante que todos os pacientes que antes eram atendidos no Cais Garavelo agora são assistidos na nova UPA, mas Rozicley discorda. “Já fui à UPA, mas não tinha vacina. Precisei ir ao Cais Nova Era, sendo que antes tinha uma unidade de Saúde muito mais perto”, diz a vendedora. 
Antes da demolição, o Cais Garavelo transformou-se em moradia para pessoas em situação de rua e usuários de drogas. Daí surgiu a necessidade de demolir o prédio antes mesmo da definição do que o espaço seria transformado.