Hospitais lidam com abandonos de idosos

Casos representam grande problema para unidades de saúde e pacientes sem lar

Postado em: 26-08-2016 às 06h00
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Hospitais lidam com abandonos de idosos
Casos representam grande problema para unidades de saúde e pacientes sem lar

Devid Souza

Unidades de saúde em Goiás lidam com um drama frequentemente: encontrar abrigo para idosos que são abandonados pela família ou que não possuem familiares. No Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), só em 2014 foram 10 casos de pacientes que receberam alta médica, mas continuaram na unidade até intervenção do serviço social.
Com o aumento da população idosa no País, o problema pode se agravar. Atualmente, 12,5% da população tem 60 anos ou mais, mas a metade do século esse percentual deve subir para 30%. Em 2014, 2.385 pacientes do Hugo eram idosos. Apesar de conseguir dados apenas do Hugo, outras unidades de saúde confirmaram o mesmo problema ao HOJE.
O assunto foi tema de um trabalho de conclusão de residência em serviço social. A assistente social, Andressa Karoline Martins da Silva, apurou que a maioria dos casos é de homens que geralmente têm problemas com álcool e outras drogas. “Eu apurei que foram dez casos. Apesar do número ser pequeno, o impacto é muito grande para o idoso e para a instituição”, relata.
O trabalho de Karoline foi apresentado na 6ª Mostra Científica Individual do Hugo. Dos casos estudados pela assistente social, um idoso chegou a aguardar dez dias após receber a alta social. A equipe procurava um abrigo para o mesmo neste período.
No Hugo, para impedir os traumas que este público pode vir a sofrer, a equipe médica trabalha em conjunto com o Serviço Social para que a alta médica e a social sejam emitidas simultaneamente. 
“A partir do momento que o idoso vai fechando o quadro e o médico vai dando o diagnóstico que não haverá recuperação ou haverá sequelas graves, a família tende a se afastar do idoso”, explica a coordenadora do Serviço Social do Hugo, Solange Generosa.
Existem casos em que o paciente chega à unidade de saúde sem documentos. A partir daí, é feito um trabalho de investigação para descobrir a identidade do idoso e localizar os familiares. Generosa esclarece que a partir do momento em que percebe um distanciamento entre o idoso e a família, seu trabalho é tentar sensibilizar e oferecer alternativas como o programa do Sistema Único de Saúde ‘Médico em Casa. “Nosso foco é buscar essa família e tentar restabelecer esses vínculos, mas nem sempre a gente tem sucesso”, completa.

Vagas
Representantes de outras unidades de saúde também relataram dificuldade em conseguir abrigo para os idosos. O motivo é porque não há estrutura pública atender à demanda. Nós procuramos a Secretaria Cidadã que afirmou que a assistência municipal cabe aos municípios. 
Em Goiânia, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) é a responsável por prover as vagas. A Semas informou que não possui estrutura própria, mas que atende aos eventuais pedidos por meio de convênios. As instituições São Vicente de Paulo, Casa Nossos Pais, Grupo Fraterno e Solar Colombino possuem termo de cooperação com a pasta que faz repasses financeiros para que haja a oferta de vagas.

Veja Também