Jornalista é impedido de doar sangue por ser homossexual

O Jornalista Guilherme Ataíde Barbosa foi ao banco de sangue do Hugol realizar doação para atender a tia que está internada na unidade

Postado em: 01-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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O Jornalista Guilherme Ataíde Barbosa foi ao banco de sangue do Hugol realizar doação para atender a tia que está internada na unidade

Milleny Cordeiro

No último sábado, dia 27, o Jornalista Guilherme Ataíde Barbosa, 23, foi ao banco de sangue do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) realizar doação para atender a tia que está internada no local, além de outros pacientes que também necessitam das bolsas. Antes da boa ação, Guilherme se informou com outras pessoas que já haviam doado sangue e foi ciente do que poderia acontecer em sua primeira possível doação. 
E ela não aconteceu. Guilherme relatou ao O HOJE que foi bem atendido pelos funcionários do hospital, mas foi impedido de doar sangue por ser homossexual. O impedimento ocorreu porque o Hugol segue uma portaria do Ministério da Saúde que proíbe a doação vinda de homens que se relacionaram sexualmente com outros homens e/ou parceiras sexuais destes nos últimos doze meses. Guilherme afirma não concordar com a determinação e questiona as contradições da portaria. 
Porém, a contradição aparece ao consultar o Artigo 2 da portaria. No parágrafo 3º consta que “os serviços de hemoterapia promoverão a melhoria da atenção e acolhimento aos candidatos à doação, realizando a triagem clínica com vistas à segurança do receptor, porém, com isenção de manifestações de juízo de valor, preconceito e discriminação por orientação sexual, identidade de gênero, hábitos de vida, atividade profissional, condição socioeconômica, cor ou etnia, dentre outras, sem prejuízo à segurança do receptor”. 

STF

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Em junho deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, decidiu abreviar o trâmite da Ação Direta de Inconstitucionalidade, apresentada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), que contesta a portaria em questão. Foram dados ao Ministério da Saúde e a Anvisa dez dias para que explicações a respeito da discriminação presente nos artigos da portaria fossem feitas, no entanto, nada foi mudado. 
Para Guilherme, a situação deve ser analisada de forma milimétrica. “Compreendo que existe sim maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis entre homossexuais, mas aqueles que se identificam como heterossexuais também estão sujeitos, por isso a necessidade de testar cada bolsa de sangue recebida”, diz. 
A questão do tratamento e da legislação é pertinente, pois até mesmo no formulário dos possíveis doadores consta a palavra “homossexualismo”, a qual é ainda associada à “atitude promíscua”. “A homossexualidade ainda não é tratada com a devida normalidade, por isso a falta de informação é grande, a conversa não é estimulada, a aceitação é pequena e a educação é quase inexistente, logo a conscientização é menor”, afirma Guilherme.

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