Optometristas devolvem visão a pessoas deslocadas

O trabalho é realizado por uma equipe japonesa. Akio Kanai é um dos desses profissionais

Postado em: 02-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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O trabalho é realizado por uma equipe japonesa. Akio Kanai é um dos desses profissionais

Da redação 

Valida Aliyeva tem 64 anos e já leu todos os livros da biblioteca em Barda, na parte ocidental do Azerbaijão. Mas, quando perdeu os óculos, há quatro anos, o mundo dela se reduziu a um conjunto de imagens borradas. Em maio deste ano, uma equipe japonesa de optometristas que viaja o país há 12 anos atendendo a populações deslocadas deu a Valida um novo par de óculos.“Estou tão feliz”, disse, cheia de alegria. “Eu pretendo começar a ler de novo assim que  chegar em casa. Mas, primeiro, quero ver  meus netos de perto”, afirmou.
O optometrista Akio Kanai é um dos profissionais que viaja pelo país para o atendimento. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas foram forçadas a deixar suas casas durante os conflitos em Nagorno Karabakh, entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990.
Muitos deles vivem na pobreza e têm dificuldade em acessar serviços de saúde e tratamentos adequados. “Um par de óculos ajuda as pessoas a ter uma melhor qualidade de vida, a se tornarem independentes, a aprender mais”, relata  Kanai. “Na realidade, não sei como uma pessoa pode viver sem óculos”.
Em 2006, Kanai foi homenageado com o Prêmio Nansen, oferecido pela Agência  da ONU para Refugiados (ACNUR) a pessoas, grupos ou organizações pelo reconhecimento de serviços de destaque pela causa dos refugiados, deslocados ou apátridas. O vencedor do Prêmio Nansen 2016 será anunciado no dia 6 de setembro, e a cerimônia de premiação será realizada em 3 de outubro em Genebra.
A equipe formada por oito qualificados optometristas da Fuji Optical Cia Ltda realiza centenas de exames oftalmológicos e distribui óculos na cidade. Durante a visita de seis dias, a equipe realizou exames em 2.882 pessoas e distribuiu 2.433 pares de óculos. Outros 141 pares serão enviados posteriormente do Japão.
“Lá é muito corrido durante o dia”, conta Kanai, sorrindo, enquanto a equipe do ACNUR organizar a multidão ao lado de fora das portas de uma das clínicas temporárias. “Muitas pessoas dizem ‘çox sa? ol’, que significa ‘obrigado’. Algumas pessoas apertam nossas mãos,  nos beijam. Vejo a gratidão sendo expressada de todas as formas. E isso faz tudo valer a pena”.
Entre as pessoas atendidas  está Yalchin Aghayev, professor que deixou a cidade de Nagorno Karabakh com a família aos 17 anos e nunca tinha corrigido um problema de visão. “Estou sempre olhando mapas. Várias vezes eu aponto para o lugar errado e não consigo ver meus alunos com nitidez”, ele explica. “Pensei que o mundo estava desfocado o tempo todo e que a visão era assim mesmo”, complementa.
Quando coloca os óculos pela primeira vez, Aghayev demonstra surpresa. “Antes de usar óculos, a vida parecia escura, como se estivesse sempre de noite. Se eu não tivesse conhecido o doutor Kanai, eu teria permanecido na escuridão”, agradece.

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