Depois de quase 30 anos, acidente ainda impressiona

Vítimas, filhos e netos recebem benefícios e atendimentos por parte do Governo

Postado em: 15-09-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Vítimas, filhos e netos recebem benefícios e atendimentos por parte do Governo

Após 29 anos do acidente radiológico, com o Césio-137, em Goiânia, o Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), atende 130 famílias que foram atingidas pela radiação. Segundo o diretor geral do Cara, André Luiz de Souza, atualmente a antiga fundação Leide das Neves, auxilia pessoas dos grupos de um a três da classificação dos níveis de contato com a radiação. O órgão possui 97 pessoas no grupo um, englobando pacientes, filhos e netos e no grupo dois, são 85 pessoas, sendo eles filhos e netos.
“As vítimas do acidente recebem no Cara, atendimento hospitalar, odontológico, psicológico e de assistência social. Em geral, a abrangência do auxílio é destinada tanto para a vítima direta quanto para seus filhos”, conta o diretor. “As pessoas atendidas hoje, são na maioria os filhos das vítimas do Césio, sendo assim doenças crônicas, hipertensão e arritmia são os principais problemas de saúde que as pessoas possuem”, revela.
A época do acidente mais de 120 mil pessoas estavam próximas a radiação, havia em Goiânia jogos Olímpicos que proporcionou susto aos visitantes. Depois da tragédia dessas, 240 tiveram algum numero de radiação registrada e após trocarem de roupas o numero caiu para 120 que tiveram a contaminação no corpo. Conforme o diretor, muitas pessoas procuram algum tipo de aposentadoria devido ao acidente, porém, muitas são negadas no Cara ou na justiça. 

Pré conceito
Para o diretor, o preconceito contra as vítimas do acidente deve ser quebrado. “Ninguém vai pegar radiação por estar ao lado de uma das vítimas, existe uma preocupação na secretaria em desmitificar a questão, as amostras, fotos e até mesmo os vídeos expostos aqui no Cara não estão irradiadas”, diz o direto do Cara.
Para a mãe e paciente do Cara, Silvia Nunes Borges que teve sua casa demolida, em 1987, quando tinha apenas 8 anos, o pré-conceito contra as vítimas é algo a ser considerado e proveniente de quem não possui conhecimento. “Morei cinco anos no Pará, quando falo que fui vítima do Césio-137 as pessoas se assustam, parecem nem acreditarem” conta Silvia Nunes Borges.  “Isso não é só no estado do Pará, aqui em Goiânia tem pessoas que olham com esse olhar”, conclui. 

Aposentadoria
Atualmente 540 pessoas são aposentadas pelo Estado, outras 250 adquiriram o beneficio por meio do Governo Federal, já outras 127 pessoas recebem as duas aposentadorias. A informação é do Centro de Assistência aos Radioacidentados. “Esse numero tende a oscilar devido a morte e interferência judiciária, quando o beneficio é concedido a alguém que recorreu a justiça, recebem o beneficio antes do Cara possuir conhecimento”, explica o diretor.
“Quando o cidadão vem ao Cara, ele apresenta o motivo do requerimento de aposentadoria ou beneficio, não existindo registro de envolvimento com o Césio, a maioria recorre à Justiça”, conta Souza. Segundo o Diretor, o Cara está buscando dialogo com a Justiça. “Os nossos médicos são peritos em acidentes radiológicos, diferente da maioria dos peritos previdenciários que apenas analisam os laudos, é necessário conhecimento e identificar a necessidade e o direito caucionado pelo acidente.

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