Faltam remédios na rede pública de saúde

A ausência de matéria-prima e a desistência de fornecedores são os maiores problemas

Postado em: 16-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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A ausência de matéria-prima e a desistência de fornecedores são os maiores problemas

Milleny Cordeiro

O portal da Secretaria Municipal de Saúde informa que “qualquer cidadão que realizou consulta médica nos SUS no município de Goiânia e possua receita médica pode encontrar medicamentos e assistência farmacêutica”. No entanto, não é sempre que o paciente, com receitas em mãos, encontra os remédios necessários para os tratamentos. É o caso do Benjamim Ciel, 73, ele precisava de um Meleato de Enalapril para tratar a insuficiência cardíaca, mas o medicamento estava em falta. 

O aposentado procurou pelo medicamento no Ciams do Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. De acordo com o farmacêutico responsável, Márcio André de Paula, a falta de medicamentos sempre foi uma constante, tendo piorado este ano. A Amoxicilina, utilizada para tratar infecções bacterianas, também está entre os mais ausentes nas farmácias de Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais) e Centros Integrados de Atenção Médico Sanitária (Ciams). 

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O farmacêutico reclama da má administração da verba direcionada à compra dos medicamentos e que a gestão torna-se difícil devido ao tamanho de Goiânia. Nesse sentido, as trocas de medicamentos entre municípios são constantes, mas ineficientes na resolução da questão. A gerente de Assistência Farmacêutica, Gysella Santana, afirma que os maiores problemas estão relacionados aos processos licitatórios para a compra dos medicamentos. 

Problemas

323 medicamentos são distribuídos em diferentes processos licitatórios, os quais podem ser ganhos por diferentes fornecedores que apresentam as melhores ofertas. No entanto, muitos deles desistem da entrega dos medicamentos, ato que prejudica a reposição dos estoques. A duração de um processo não leva mais do que seis meses e, segundo Gysela, caso o fornecedor não apareça ou desista, leva-se mais seis meses para realizar o procedimento licitatório, o que atrasa ainda mais a compra dos remédios. 

Além disso, Gysela explica que a lei de licitação é muito complexa e inviabiliza a abertura de dois processos para um mesmo medicamento, por exemplo, e que os medicamentos são pedidos de forma fracionada. Ela defende não existir uma demora por parte da abertura dos processos, mas sim dos fornecedores que inviabilizam a venda por vários motivos. “Os processos de 2017, inclusive, já estão quase finalizados”, completa. 

Outro fator que inviabiliza as compras é a falta de matéria-prima importada para a produção dos medicamentos. Além disso, explica Gysela, a saúde sofreu alguns cortes este ano que prejudicaram ainda mais a situação. Dessa forma, os pedidos são readequados e alguns medicamentos são mais priorizados que outros. Muitos laboratórios têm deixado de fabricar certos remédios também, como a Ampicilina, por exemplo, por apresentar preço baixo no mercado e não devolver ao fornecedor o lucro desejado. 

Faltas

Além da Ampicilina e da Amoxicilina, está em falta a Espiramicina e outros medicamentos orais utilizados na urgência e emergência. Segundo Gysela, remédios antihipertensivos e antidiabéticos ainda estão garantidos justamente por não haver uma descontinuidade na produção pelos laboratórios.

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