Falta de médico em ‘Postinhos’ prejudica quase 4 mil famílias

A demanda é grande e o posto de saúde do setor Grajaú não consegue atender a população

Postado em: 22-09-2016 às 08h00
Por: Redação
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A demanda é grande e o posto de saúde do setor Grajaú não consegue atender a população

Milleny Cordeiro

Milhares de pessoas que dependem do atendimento de Centros de Saúde da Família (CSF), os “postinhos”, enfrentam dificuldades para marcar consultas devido a falta de médicos. Com isso, o desenvolvimento do Programa Saúde da Família fica comprometido, também, pela falta de agentes responsáveis pelas visitas domiciliares. No Setor Grajaú, em Goiânia, o posto de saúde está há quase 4 meses sem médico no período da manhã. 

De acordo com Joyce Rodrigues, 30, enfermeira que atende no período vespertino, cerca de 4 mil famílias ficam prejudicas com o desfalque, as quais tentam a sorte no serviço de teleconsulta do Sistema Único de Saúde (SUS). 

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Fabiane de Melo, 32, é uma das pacientes que tentam o atendimento no Centro de Saúde da Família, no Grajaú. A dona de casa mora a três casas do posto, mas precisou se deslocar até o Bairro Goiá para que uma de suas duas filhas fosse atendida. “Foi uma felicidade mudar para cá e ficar perto do posto, mas por falta de médico eu já desisti daqui. Ou você consulta em outro setor ou vai pro UPA, no Jardim Itaipu”, diz. 

Há dois anos no setor, Fabiane afirma que no início de sua mudança o posto atendia regularmente, porém, a situação sofreu pioras com o tempo e já não funciona como deveria. “Aqui falta de tudo, não tem vacina, não dão remédio e muitas pessoas são prejudicadas com essa deficiência no atendimento”. Fabiane também explica que se a pessoa obtiver sorte no serviço de atendimento pelo telefone, as consultas são marcadas em setores distantes e prejudicam o deslocamento de muitas famílias. 

Estrutura 
Joyce explica que os trabalhos no CSF Grajaú são divididos entre duas equipes, uma pela manhã e outra no período da tarde. As equipes deveriam ser formadas por um médico clínico, um enfermeiro, um técnico em enfermagem e sete agentes de saúde. No entanto, falta um médico no turno matutino e o grupo conta com apenas cinco agentes. No período vespertino tem médico, mas faltam agentes de saúde. 

Ambas não possuem dentistas para realizar o atendimento do programa de saúde bucal. “A nossa estrutura é muito precária, está faltando muita coisa também, como gases, material de prevenção e nós não disponibilizamos remédios porque não temos farmacêutico; algumas unidades de setores próximos são mais estruturadas”, afirma Joyce. 

Sobre a falta de agentes de saúde, Joyce explicou que no dia 30 de agosto teve uma chamada para novos funcionários, mas, até agora, a espera continua. “E o trabalho dessas pessoas é importante, são elas que visitam os acamados e as demais famílias”. O médico que integra a equipe vespertina não estava no posto quando a reportagem chegou. Segundo Joyce, ele estava cumprindo uma rotina de visitas, que são feitas às quartas-feiras. 

Desfalques 

Mesmo com a presença de um médico clínico no período da tarde, os moradores do Grajaú não conseguem marcar consultas porque a equipe em questão é responsável pelo atendimento de outras 3.500 famílias do setor Santa Fé. Enquanto isso, os moradores sofrem por não serem atendidos no posto do próprio bairro por falta de equipe capacitada. 

Para Joyce, os desfalques constantes de médicos nas equipes se justificam “porque quase nenhum deles quer ficar na rede pública, preferem ir para a rede particular onde ganham mais”. Além disso, muitos deles só esperam a conclusão da residência médica para abandonar o cargo no postinho. A Secretaria Municipal de Saúde foi procurada para falar sobre essa constante falta de médicos, mas, até o fechamento desta edição, não houve pronunciamento. 

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