Com baixa lucratividade, motoristas abandonam Uber

Parceiros da empresa também apontam a falta de informação dos clientes em relação ao serviço como fonte de transtornos

Postado em: 26-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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Parceiros da empresa também apontam a falta de informação dos clientes em relação ao serviço como fonte de transtornos

Karla Araújo

Em Goiânia desde janeiro deste ano, a empresa estadunidense Uber, aplicativo de transporte individual de passageiros, tem sido alvo de críticas dos motoristas que trabalham como parceiros. A principal reclamação é quanto à porcentagem de cada corrida que fica com a empresa, 25%. Motoristas entrevistados pelo O HOJE afirmam que sobra pouco dinheiro após pagar os custos de manutenção do carro e o combustível.

O bancário Tercirio Amaral, 25, trabalhou como motorista Uber por duas semanas. Natural de Tocantins, ele afirma que começou a realizar o serviço porque acabara de chegar em Goiânia e viu no Uber uma oportunidade de conhecer a Capital e ganhar dinheiro extra. “Eu ligava o aplicativo ao meio-dia e ficava offline por volta das 20h. Comecei a fazer as contas e percebi que não valia a pena financeiramente”, afirma Tercirio.

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O bancário conta que ganhou R$ 600 em uma semana, mas gastou R$ 300 com combustível, pois é preciso se locomover com o ar condicionado ligado sempre que um cliente está no carro. “A corrida é muito barata e, por isso, sempre tem cliente. A gente acaba rodando muito de um setor ao outro. É possível ganhar um bom dinheiro, mas tem que trabalhar demais”, explica Tercirio.

Transtornos

Motorista no Uber desde abril, o estudante universitário e figurinista Conrado Oliveira, 23, viu na parceria com a empresa uma boa oportunidade de incrementar a renda. Ele trabalha geralmente na madrugada dos fins de semana e reclama principalmente da falta de informação dos clientes em relação ao serviço. “Quando o motorista começa a trabalhar com o aplicativo, ele recebe orientações sobre o que é o Uber, mas o cliente não, e isso causa alguns transtornos”, afirma Conrado.

Um dos problemas apontados pelo figurinista é quanto à tarifa dinâmica – quando o preço cobrado por cada corrida fica mais alto em determinado local porque há mais chamadas do que carros disponíveis. Conrado conta que, por não compreenderem a mudança no preço, os clientes acabam avaliando os motoristas mal, sendo que eles não têm controle sobre o valor cobrado. 

Em relação ao preço dinâmico, a empresa Uber informou que ele é aplicado quando a demanda por viagens aumenta, para incentivar que mais motoristas se conectem ao aplicativo e assim os usuários tenham um carro sempre que precisar. Quando a oferta sobe, os preços rapidamente voltam ao normal. Essa dinâmica permanece exatamente a mesma, independentemente da redução de preço na cidade. 

“Gastos devem ser colocados na ponta do lápis”

O economista e mestre em finanças, Marcus Antônio Teodoro Batista, explica que para conseguir uma boa renda trabalhando como motorista do Uber, é preciso realizar muitas corridas. “A taxa de 25% que fica com a empresa é muito alta. Acredito que 10% ou 15% seria ideal e bem mais justo com os motoristas”, afirma. Batista diz que, para o trabalho valer a pena, o motorista precisa fazer de R$ 400 a R$ 500 em corridas por dia.

O especialista destaca ainda que a maior parte dos pagamentos é com cartão de crédito. Diante disso, o motorista terá de arcar com custos – como combustível – antes de ter o dinheiro em mãos. Para conseguir controlar as contas, Batista recomenda que o motorista coloque toda a movimentação financeira na ponta do lápis e avalie se vale a pena trabalhar com o serviço. Caso tiver outra fonte de renda, o trabalhador deve analisar se no momento em que está dirigindo poderia ganhar mais no outro emprego.

Para Batista, o Uber está, aos poucos, se adequando ao mercado brasileiro. “O serviço começou como uma novidade, mas os usuários já entenderam que não se trata do luxo que era vendido na propaganda”, afirma o economista. Batista lembra que o goianiense usa muito o Uber, mas já sabe onde estão as vantagens e desvantagens. Além disso, o especialista destaca que alguns taxistas já estão cobrando mais barato pelas corridas.

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