Comércio prevê pior Dia da Criança em 11 anos
Dado foi divulgado em pesquisa realizada pela FGV. Apesar da baixa, movimento nessa época cresce nas lojas de brinquedos
Por: Renato
Da redação
Com a proximidade do Dia da Criança, comemorado na próxima quarta (12), o movimento nas lojas de brinquedos começa a aumentar e muitos pais e responsáveis já sentem a diferença no bolso. Os gastos podem ser grandes caso não seja feita consulta de mercado. Uma pesquisa de preços realizada em seis lojas das regiões Sul e Central de Goiânia pelo o Procon municipal chegou a encontrar variação de 112,51% no valor de brinquedos.
Diante disso, a procura por brinquedos em virtude da data está bem menor em relação ao ano passado. É o que aponta a Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre). Segundo a pesquisa, a intenção de compras de presentes é a menor dos últimos 11 anos. Para 44,9% dos entrevistados o objetivo é reduzir os gastos; no ano passado a porcentagem era de 41,1%.
Pesquisa nacional divulgada no último dia 20 pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio – RJ) e Instituto Ipsos também revela que apenas 40% dos consumidores pretendem presentear no Dia da Criança. A baixa expectativa de vendas para este ano já é sentida pelos vendedores. Adryanni Cristina trabalha em uma loja no Setor Bueno e relata a baixa procura neste início de outubro. “Ano passado, nesta época, a loja já estava cheia! O movimento diminuiu muito em relação a 2015”, diz a vendedora.
Produtos
Ainda segundo a pesquisa, os três produtos mais buscados pelos consumidores são os brinquedos (55,4%), roupas (24,5%) e livros (5,3%). A vendedora Adryanni revela que os pais e responsáveis escolhem gastar, em média, R$ 200 com os presentes, que variam entre bonecas, bonecos e jogos. Ao todo, o Dia da Criança deve movimentar a economia com cerca de R$ 7,3 bilhões.
Mesmo que o Procon aconselhe os responsáveis a não levar as crianças na hora da compra para evitar gastos desnecessários, a presença dos baixinhos entre os corredores de brinquedos é constante. A advogada Dalva Calazans levou a filha Maria Fernanda, 4, para escolher um presente de aniversário para a amiguinha. O brinquedo da filha ainda nem estava nos planos do dia, mas não teve jeito, a pequena chorou até conseguir a Barbie Dentista, que Maria tanto admirava nas propagandas televisivas.
A mãe não reclamou muito, o presente escolhido pela filha estava dentro do limite orçamentário que Dalva havia planejado. Ambas saíram satisfeitas. Outro a ganhar o presente antes do dia 12 foi Pedro Henrique, 3. Sua mãe, a cirurgiã dentista Karina Cândido, também havia estipulado o limite de preço de R$ 200 para não deixar de alegrar o filho e economizar no bolso. O presente escolhido, um conjunto de bonecos, fez a alegria do pequeno.
Feira incentiva troca de brinquedos
O dia 12 de outubro tornou-se uma data comercial assim como o Dia das Mães, Natal, Páscoa, Dia dos Namorados, entre outras comemorações. O pensamento instaurado na maioria das pessoas é que essas ocasiões só se tornam válidas quando se presenteia ou se ganha presentes. Nada de errado em comprar um agrado, presentear alguém ou ser presenteado, o problema é quando essas práticas beiram o consumismo desenfreado e causam prejuízos e endividamento.
Com o intuito de alertar pais, responsáveis e até mesmo as crianças sobre o consumismo e o perigo das dívidas, além de contribuir com aqueles que não podem gastar com presentes é que foi realizada ontem (9) no Parque Vaca Brava, a 6º Feira de Troca de Brinquedos. O evento já dura seis anos e foi criado pelo Movimento Infância Livre de Consumismo (MILC) e o Instituto Alana (alana.org.br). Em Goiânia, a feira ocorre desde 2012.
É um momento de interação e descontração, além de ser realizado de forma gratuita. Não há complicações, basta que os responsáveis levem lençóis para se sentarem à grama e colocarem os brinquedos à vista. É importante que os brinquedos estejam em boas condições e que sejam etiquetados com o nome da criança, a qual deve ser a única a negociar a troca com os outros pequenos, sem que seja forçada ou pressionada pelos pais. Os que sobram poderão ser doados para fazer a alegria de mais meninos e meninas.
A diretora de advocacy do Alana, Isabella Henriques, informa que o Instituto contribui fomentando novas feiras em vários municípios do País. “No site é disponibilizado um passo a passo de como fazer a feira, é uma tarefa simples e pode ser feita em praças, salões de festas e as crianças adoram! Além disso, a pessoa tem acesso a um mapa em que pode ser registrado o local da nova feira”, diz.
A publicidade e chamadas consumistas são direcionadas às crianças de forma excessiva, seja pela televisão, rádio, internet e até mesmo pelos desenhos. Isso faz com que os pequenos aprendam desde cedo que “para ser é preciso ter” e já começam a construir uma relação não muito saudável com o consumismo. Nesse sentido, a feira atua como transformadora dessa relação, atinge a educação das crianças e amplia a discussão para os pais.