Arte ajuda menino a superar traumas

Devido à guerra civil, Miguel passou a apresentar ansiedade, autoflagelação e ataques de raiva

Postado em: 18-10-2016 às 06h00
Por: Redação
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Devido à guerra civil, Miguel passou a apresentar ansiedade, autoflagelação e ataques de raiva

‘Ele tinha medo e estava sempre ansioso. Ele não conseguia ficar perto de pessoas e nem mesmo brincar com crianças da sua idade”. Era assim que o colombiano Miguel (nome fictício), da região de Nariño, se comportava aos dois anos de idade, recorda sua mãe, Maria (nome fictício), que lembra ainda dos ataques de raiva e autoflagelação do menino.
Morando no sudeste da Colômbia, a família vivia em meio à guerra civil que já dura 52 anos e que já deslocou 7 milhões de pessoas dentro do país. A avó de Miguel foi uma das vítimas da violência dos rebeldes. Ela foi assassinada quando Maria ainda estava grávida da criança.
Pouco antes de completar três anos, o garoto deixou a nação colombiana com a mãe e os dois irmãos. Mas as aflições que atordoavam Miguel não o abandonaram. Em Quito, não havia assistência psicológica para tratar o garoto, e foi apenas em 2014 — quando a família foi reassentada no Canadá — que o jovem começou a receber cuidados de saúde mental adequados.
Em Montreal, ele foi diagnosticado com distúrbio pós-traumático e passou a frequentar consultas no Centro Rivo Résilience, uma organização sem fins lucrativos que dá apoio a refugiados que lidam com as consequências da violência. A recuperação de Miguel, atualmente com seis anos de idade, conta com um aliado poderoso: a arte.
Em uma sessão de tratamento, ele pega um pouco de massinha de modelar e monta uma gaiola. Segundo sua psicóloga, a ideia de Miguel por trás da criação artesanal é conseguir dominar o “vilão”, que fica preso na estrutura. “As bolinhas que ele faz com a massinha simbolizam os pregos que mantêm o vilão retido, evitando que ele saia”, conta a terapeuta.
No Rivo, o menino pode desenhar, fazer arte, brincar e trabalhar seus medos. “Problemas de saúde mental podem ser um conceito abstrato para pessoas que não tiveram contato direto com refugiados que sofrem distúrbios psicológicos”, explica a porta-voz e terapeuta da instituição, Veronique Harvey.
“É por isso que promover a conscientização sobre as feridas emocionais é tão importante quanto torná-las visíveis para a sociedade e os governantes. Nem sempre é possível compreender as situações pelas quais as pessoas com doenças mentais passaram, mas precisamos ouvir, dar apoio e ajudá-las a reconstruir suas identidades e autoestima”, acrescentou.
No começo, Miguel estava relutante em participar das sessões de terapia, que já acontecem há nove meses. 

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