Ribeirão que abastece Guapó corre risco de secar

Lixo, animais mortos e a retirada ilegal de areia podem ser observados ao longo do manancial. Saneago confirma estado de degradação

Postado em: 25-11-2016 às 10h22
Por: Renato
Imagem Ilustrando a Notícia: Ribeirão que abastece Guapó corre risco de secar
Lixo, animais mortos e a retirada ilegal de areia podem ser observados ao longo do manancial. Saneago confirma estado de degradação

Renan Castro

Responsável por abastecer a cidade de Guapó, a 27
quilômetros de Goiânia, o Ribeirão dos Pereiras sofre com a degradação
ambiental. O lixo acumulado ao longo do manancial e a retirada da mata ciliar
contribuem para o processo de deterioração, além da captação ilegal de água e
areia.

Com o aumento da população, estimada em 14.462, de acordo como Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área urbanizada do municípios e
expande e ocasiona ocupações próximas ao ribeirão.

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Segundo moradores antigos, o
ribeirão – que nasce na divisa entre Guapó e Aragoiânia – era bastante volumoso
e suas águas chegavam até onde atualmente é a Praça da Igreja Matriz da cidade.
O manancial servia com o lazer para os habitantes e era frequentemente usado
por lavadeiras de roupas até 30 anos atrás.

Claudenilson Fernandes, 41, historiador e morador de Guapó,
afirma que falta um empenho maior do poder público em recuperar o ribeirão, mas
que a população em geral também tem uma parcela de culpa. “Tem pessoas que
jogam lixo no leito do ribeirão ou despejam as margens e isso, com certeza,
afeta o equilíbrio do ambiente. Não adianta só reclamar. É preciso agir em prol
do manancial”, sugere. A estudante de Engenharia Ambiental, Thainara
Cristina,26, acredita que um planejamento urgente para tratar o ribeirão pode
ser a saída. “Existem muitos meios eficientes e de baixo custo para recuperar
as áreas em degradação. O pensamento consciente pode fazer a diferença”,
acredita.

O ribeirão também serve como desova de corpos de animais
mortos. Na época da seca, o nível do manancial que já não é tão profundo,
diminuía alguns centímetros. O período chuvoso faz com que o lixo despejado nas
redondezas seja levado para o leito das águas e assim contribui para a
poluição.

O delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a
Crimes contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho, revela que a Dema já
encontrou até cavalo morto no ribeirão e a consciência ambiental principalmente
dos moradores precisa ser mudada. “Nós temos leis importantíssimas em nosso
País capazes de punir quem comete determinados crimes ambientais. Mas é preciso
que a educação da população seja alterada em prol de preservar o meio
ambiente”, recomenda. Em relação à retirada ilegal de areia e barro do fundo do
manancial, Luziano aponta que isso prejudica em larga escala a recuperação.
“Extrair sem autorização é crime. Todavia, percebemos que em prática essas
ações está abandonado a área sem tentar fazer com que os impactos sejam
diminuídos”, explica.

Saneago

De acordo com a Saneago, o ribeirão abastece 100% da área
urbana do município e a maior dificuldade é com relação aos usuários da zona
rural, que utilizam a bacia para pisciculturas, extrações minerais,
represamentos para irrigação com pivôs, plantação de lavouras, dentre outros. A
empresa afirma também que o manancial está com adiantado estado de degradação,
o que afeta a qualidade e quantidade de água bruta no ribeirão e onera o
abastecimento público.

Prioridades

Luziano destaca que a Dema trabalha com prioridades e, no
momento, os córregos que fazem parte da bacia do Ribeirão João Leite são mais
importantes devido ao alto grau de degradação.“Quase todos os mananciais de
Goiás estão passando por problemas com poluição e por enquanto o Ribeirão João
Leite é o mais crítico”, garante. 

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