Trabalhar para ajudar o Papai Noel

A profissão de bom velhinho pesa quando não dá para atender todas as cartinhas

Postado em: 12-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A profissão de bom velhinho pesa quando não dá para atender todas as cartinhas

Bruna Policena 

Cláudio Simões, de 54 anos, é empresário durante todo o ano e, na véspera de Natal, sua barba de motoqueiro dá lugar a doce barba branca do bom velhinho. O motoqueiro, adorador do bom e velho rock and roll, começou a ser Papai Noel em uma peça de teatro e há cinco anos desempenha este papel na filantropia. Este ano é a primeira vez que ele exerce a função de forma profissional, no Shopping Buriti.

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Faltam-lhe ainda alguns anos para aposentar e mesmo com o emprego fixo conseguiu conciliar a atividade no shopping. Cláudio conta que não depende deste emprego de Papai Noel para sobreviver, mas que o dinheiro ajuda bastante no fim das contas. É pai e avô, seus filhos têm faixas etárias muito diferentes, uma filha ainda bebê e um neto de sete anos. O Papai Noel rockeiro rocurou o emprego pela junção entre trabalho e diversão. Ele afirma que a oportunidade foi uma grande ajuda e que há muito tempo tinha vontade de ser Papai Noel em shopping. Cláudio trabalha durante 6 horas por dia e está lá no Buriti desde o dia 5 de novembro e permanecerá até 15 de dezembro. E a partir deste período até a véspera de Natal trabalhará 12 horas por dia.

Personagem

Como é integrante de um grupo de motoqueiros chamado Última Legião, o ajudante do Noel já tinha o cavanhaque grande e branco. A partir do mês de abril deixou a lateral da barba crescer para aparentar mais com o personagem. As vestimentas são da própria agência que o contratou. O shopping loca os serviços da agência e da decoração, então a seleção do Papai Noel é de escolha da empresa terceirizada.

Para o motoqueiro, a experiência de ser Papai Noel é emocionante e gratificante tanto profissionalmente como para a construção do seu senso de humanidade. O neto de sete anos que mora em sua casa o denominou de “ajudante do Papai Noel”, pois Cláudio o busca na escola e os amigos ficam encantados com a sua presença e o neto logo impõe a voz para contar que seu avô é o próprio ajudante.

Cartinhas

Segundo Cláudio, as cartinhas colocadas na caixa de correios fictícia montada pela decoração do shopping são muitas e não são destinadas a nenhum projeto social. Muitas crianças que frequentam o shopping têm condições financeiras boas ou razoáveis e não precisam de uma atenção social como o trabalho realizado pelos Correios. Nas suas horas vagas entre um abraço e outro, ele lê as cartinhas.

E seu olhar de pai, avô e ajudante do Noel o fez amolecer o coração pelas letrinhas de algumas crianças que passaram por ali e pediram coisas muito singelas nas cartas. Juntamente com amigos pessoais e algumas colegas de trabalho, Cláudio resolveu por conta própria adotar duas cartinhas que até então tocaram por conta da simplicidade dos pedidos. Em uma das cartinhas, uma criança pediu um tratamento dentário para sua mãe, uma geladeira e material escolar. Os amigos se mobilizaram e atenderam ao pedido da criança.

A outra carta tinha como remetentes dois irmãos que também fizeram pedidos simplórios e Cláudio atendeu. Comprou massinha de modelar, carrinho de controle remoto e mochila escolar. Em visita ao shopping, a reportagem de O Hoje entrevistou Cláudio bem no momento em que os dois irmãos chegaram com a mãe para receber os presentes da mão do Papai Noel. E a expressão no rosto dos meninos ultrapassou a condição de trabalhador de Cláudio.

Cláudio e seu grupo de moto participam há três edições de um projeto de doação de sangue ao som do rock and roll no Hospital Alberto Rassi, mais conhecido como HGG. Este ano, compareceu ao evento, no dia 26 de novembro, caracterizado de Papai Noel motoqueiro para animar a garotada e os doadores com seu saco de balinhas. Quando perguntado sobre o que significa o Papai Noel hoje, Cláudio disse que “Papai Noel não precisa ser real, basta que ele habite no seu coração”.

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