Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Produtos orgânicos tomam conta de Goiânia

Feiras na capital comercializam os alimentos recomendáveis para manter uma boa saúde

Postado em: 02-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Produtos orgânicos tomam conta de Goiânia
Feiras na capital comercializam os alimentos recomendáveis para manter uma boa saúde

Renan Castro

Em uma feira de um restaurante na Rua 10, no Setor Sul, em Goiânia, Gelves Júnior da Costa, 51, o Japão, comercializa seus produtos orgânicos. O local, bastante movimentado, atrai pessoas de toda a capital para comprar os alimentos livres de agrotóxicos e mais saudáveis para o consumo. Banana, milho, manga e outras frutas, além de verduras e legumes, fazem parte do espaço que Japão utiliza na feira. “Eu morava na roça e vim para Goiânia para tentar uma vida melhor. Quando cheguei aqui não quis perder minhas raízes”, explica o feirante nascido no interior de Goiás que, nas horas vagas, também trabalha como DJ em festas.

Continua após a publicidade

A onda dos produtos orgânicos começou a tomar conta do mercado goiano. Em busca de alimentos mais saudáveis e melhor qualidade de vida, pessoas de todas as idades já viraram adeptos de comidas derivadas de produtos sem agrotóxicos ou aditivos estimulantes. Em Goiânia, feiras comercializam café, frutas, geleias, doces, legumes, mel, pães, cereais e verduras. Todos orgânicos. E não precisa ser apenas derivados de vegetais, não. Existem ovos e carne orgânica também. Basta que sejam isentos de drogas veterinárias, hormônios, antibióticos ou organismos geneticamente modificados.

Luciana Sotero, 37, entrou no ramo de comercializar orgânicos após perceber que é bastante rentável tanto para a saúde como para o bolso. “Meu marido e eu temos uma chácara e já fizemos cursos sobre esse tipo de alimento para ajudar nosso conhecimento também”, revela. Valéria Martins, 43, chefe de conzinha, comercializa na feira caldo de frango. Segundo ela, o animal é criado sem aditivos estimulantes até o dia do abate. “Faço ainda o caldo de feijão e milho. O que sobra do almoço é reaproveitado e vendido de tardezinha para não haver desperdício”, ressalta.

Há 30 anos a aposentada Dulce Machado, 60, consome apenas produtos orgânicos. Ela conta que o hábito é melhor não só para a saúde do ser humano, “mas também para o meio ambiente que precisa de cuidados”. Dona Dulce explica que por muito tempo cultivou alguns orgânicos em casa para ter sempre o alimento de melhor qualidade para as refeições.

Em 23 de dezembro de 2003, a cultura e comercialização dos produtos orgânicos no Brasil foram aprovadas pela Lei 10.831. A regulamentação ocorreu apenas em 27 de dezembro de 2007 com a publicação do Decreto Nº 6.323. Além de contribuir para a sustentabilidade, a produção desses alimentos também é importante para evitar que a pessoa consuma algo nocivo a saúde. 

Os produtos são mais caros que os convencionais devidos as técnicas que são aplicadas durante o processo de cultivo, no caso dos vegetais. Mesmo assim, como afirma Dona Dulce, “a saúde está sempre em primeiro lugar” e não afasta clientes.

De acordo com o Censo Agropecuário, em 2006, o número de estabelecimentos orgânicos era de 90.497. Contudo até janeiro de 2011, apenas 5.500 produtores estavam registrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 2016, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica Sustentável, no Brasil já existem mais de 10.750 unidades produtivas certificadas e o movimento do mercado global é de US$ 80 bilhões de dólares por ano. A estimativa do MAPA para 2017 é de que o mercado de orgânicos cresça entre 20% e 30% no País.

 Nutricionista recomenda orgânicos

A nutricionista e especialista em Saúde Pública, Giselle Freitas, afirma que os benefícios para a saúde são inúmeros com o consumo de orgânicos. “Inclusive já existem pesquisas que comprovam que alimentos orgânicos são mais nutritivos por que possuem maior teor de vitaminas e minerais, além de ter maior durabilidade”, garante. 

Giselle ressalta que várias doenças podem ser evitadas consumindo-se alimentos de melhor qualidade, como os orgânicos. “A pessoa pode ter plantações até em vasos na sacada do apartamento. Vários vegetais podem ser plantados em casa e usados para enriquecer as refeições. Entre eles: cebolinha, hortelã, tomate, manjericão, e vários outros”, recomenda. 

As únicas restrições estão relacionadas às intolerâncias ou alergias a determinados alimentos ou nutrientes, como proteína do leite de vaca, lactose, crustáceos, entre outros, independente de ser ou não orgânico, de acordo com a nutricionista. Ela destaca também que alimentos que contêm agrotóxicos deveriam ser evitados. Segundo ela, os problemas vão desde intoxicações agudas até as crônicas com aparecimento de vários tipos de câncer, problemas hormonais, infertilidade, impotência, aborto, entre outras.

Veja Também