Equipe atletas refugiados faz planos

Há quatro meses, dez refugiados fizeram história nos Jogos Olímpicos Rio 2016 – uma experiência que mudou a vida de todos os envolvidos

Postado em: 13-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Equipe atletas refugiados faz planos
Há quatro meses, dez refugiados fizeram história nos Jogos Olímpicos Rio 2016 – uma experiência que mudou a vida de todos os envolvidos

Em agosto, dez atletas refugiados fizeram história ao competir nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro como membros da primeira equipe olímpica de atletas refugiados. Suas conquistas e superações ganharam corações em todo o mundo. O que aconteceu com eles desde então? Onde estão agora e o que estão fazendo? Como essa experiência afetou suas vidas? Confira nessa matéria da Agência da ONU para Refugiados, o ACNUR.

Tegla Loroupe é um lembrete constante do que é determinação, perseverança e humildade. Corredora campeã de longa-distância, embaixadora da paz e, recentemente, líder da equipe olímpica de refugiados no Rio, ela cresceu no extremo norte do Quênia, onde viu os efeitos devastadores e negativos do conflito.

Em razão do sucesso global da equipe, em outubro ela foi nomeada a Personalidade das Nações Unidas de 2016. “Fiquei muito honrada e senti que, todas as coisas pesadas que aconteceram comigo valeram a pena.” A queniana de 43 anos admite que, a princípio, a ideia de refugiados competindo nos Jogos Olímpicos parecia inconcebível.

Continua após a publicidade

“Quando comecei a conversar com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, a ideia de que os refugiados fossem para os Jogos Olímpicos era inimaginável, mas queríamos fazer algo pela paz”, disse.

Ela solicitou ao Comitê Olímpico Internacional e, meses depois, as provas foram realizadas nos campos de refugiados do Quênia. Ela sabia que preparar os atletas para as Olimpíadas não seria uma tarefa fácil.

Tanto a confirmação de que haveria, pela primeira vez na história, uma Equipa Olímpica de Atletas Refugiados, quanto a acolhida entusiasmada recebida na cerimônia de abertura no Rio, e a mensagem de encorajamento do papa Francisco foram momentos históricos para ela.

Yusra Mardini está trabalhando duro depois de um ano atribulado. Desde que competiu nas Olimpíadas do Rio, a nadadora síria falou com líderes mundiais, encontrou-se com o papa Francisco e foi homenageada com uma série de prêmios.

Agora ela está treinando com afinco para realizar o sonho de se classificar para os Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio. Ainda faltam quatro anos para os jogos, mas o treinamento rigoroso e as competições já dominam a agenda de Yusra. Se quiser encontrá-la, comece procurando na piscina. “Tenho treinado duro desde o Rio”, disse Yusra ao ACNUR. “Mas eu também tenho pensado muito sobre o que posso fazer para ajudar refugiados em todo o mundo.”

Para Yiech Pur Biel, as Olimpíadas fizeram mais do que permitir que ele mostrasse suas habilidades esportivas em um palco mundial. Foi uma entrada para os livros de história e uma experiência incrível que o reconectou com sua família depois de quase 12 anos.

Ele se separou da família quando fugiu do Sudão do Sul em 2005. Pelas redes sociais sua mãe descobriu que ele estava no Rio e, com a ajuda do ACNUR, conseguiu restabelecer o contato. “Foi incrível falar com minha mãe depois de 12 anos”, disse.

Ele tem estado ocupado desde os Jogos Olímpicos, passando de um evento importante para outro. Desde assistir à Cúpula de Líderes sobre Refugiados e Migrantes até testemunhar a entrega da petição do ACNUR #WithRefugees – no Brasil #ComOsRefugiados – na Assembleia Geral da ONU. Sua mensagem foi a mesma: um refugiado é uma pessoa como todos os outros.

Ele está treinando duro para as Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, onde espera quebrar o recorde mundial dos 800 metros que pertence a Kenyan David Rudisha, atleta que ele considera uma referência.

Rami disse que as ofertas de mídia e mensagens de apoio de celebridades continuaram a inundar sua página no Facebook. Sentado no sofá vestindo sua roupa de treino e tomando chá, Rami disse que ele tinha gostado da experiência do Rio, embora tenha sido estressante na época.

Na Bélgica, o município onde vive reconheceu seus feitos em uma cerimônia especial. Ele falou aos alunos refugiados sobre o desenvolvimento de seus talentos e sobre lutar por seus sonhos.

Rami disse que melhorou seu tempo na piscina. No Rio ele nadou a prova dos 100 metros borboleta em 56,2 segundos e desde então ele baixou seu tempo em alguns segundos.

Faz apenas quatro meses que o maratonista etíope Yonas Kinde competiu em suas primeiras Olimpíadas, mas desde então ele mudou de muitas maneiras. O cabelo cortado que ele tinha quando ele cruzou a linha de chegada no Rio tornou-se um mini-afro. Ele diz que deixou o cabelo crescer “porque está frio” na pista em Luxemburgo.

Viajar para os Jogos Olímpicos foi a realização de um sonho que Anjelina Lohalith tinha desde que era uma criança: voar. A corredora de 23 anos ficou impressionado com as boas-vindas que a equipe recebeu no Rio.

“Quando fomos recebidos pela multidão, foi tão emocionante para mim que eu não pude conter as lágrimas”, disse.

Mandar recados para sua mãe, ainda criança no Sudão do Sul, envolvia muita corrida, algo casual para ela na época. Sua vida mudou desde que ela correu na prova dos 1.500 metros no Rio. (ONU Brasil) 

Veja Também