Em dia de revista em prisões de Manaus, PM encontra 66 celulares

Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), a revista minuciosa foi feita por policiais militares e servidores da secretaria

Postado em: 13-01-2017 às 08h27
Por: Renato
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Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), a revista minuciosa foi feita por policiais militares e servidores da secretaria

A Polícia Militar (PM) do Amazonas e a Secretaria de Estado
de Administração Penitenciária (Seap) deram continuidade nesta quinta-feira (12)
às revistas nas celas das unidades prisionais do estado. Hoje, passaram pela
revista as celas do Centro de Detenção Provisória de Manaus (CDPM). É a quinta
unidade visitada desde o início das revistas, no dia 5 de janeiro.

Foram encontrados 66 celulares, três algemas, 32
carregadores de aparelho celular, dez porções de entorpecentes, 23 joias, 381
estoques e 45 ferramentas. Os agentes também acharam R$ 725,95 em dinheiro. De
acordo com a Seap, a revista foi “minuciosa”, feita por 150 policiais
militares, além de servidores da secretaria e militares do Exército.

Do lado de fora, espera

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O CDPM fica próximo ao Complexo Prisional Anísio Jobim
(Compaj) e ao Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), e o acesso a partir da
rodovia é o mesmo. Durante a tarde, às margens da pista, centenas de parentes
de presos aguardavam pela autorização para entrar. Hoje seria dia de visita e
entrega do “rancho”, as comidas que os parentes levam para os presos, mas desde
a rebelião e mortes de detentos, nos dois primeiros dias do ano, que as visitas
estão suspensas.

Ainda assim, muita gente foi, acreditando que poderia
entrar. Sentados à beira da pista, os parentes de detentos se abrigavam da
chuva e do forte sol que se intercalavam no início da tarde. Os agentes da
Força Nacional e da PM, posicionados na pista de acesso ao complexo
penitenciário, não tinham qualquer informação para passar às famílias, e apenas
lhes negavam a entrada.

Seu João é pai de uma moça presa na ala feminina. Ele
tentava obter informações sobre a entrada de comida e também sobre as visitas,
mas não tinha sucesso. “Tinham me falado que poderíamos entrar, mas o
policial disse que não vai entrar ninguém. Todo mundo trouxe rancho para as
pessoas. Vou aguardar um pouco mais. Depois que começou a rebelião não entrou
mais ninguém”.

Dona Ivone é uma das mães que tentaram obter notícias na
tarde quente, em frente ao acesso às penitenciárias. Seu filho, preso por
roubo, está no Ipat, e ela torce para que ele seja solto em breve, agora que
contratou um advogado. O rapaz estava preso no local, no dia da rebelião que
matou 56 pessoas. “No dia da fuga a esposa dele estava aqui. Chegou em casa
apavorada, dizendo o que tinha acontecido. Eu pedi para o meu filho não se
envolver em fuga, em nada e ele não se envolveu”.

Ela é uma das mães preocupadas com supostas agressões que
ocorrem durante revistas nas celas. Ela não revela a fonte da informação, mas
outros pais disseram conseguir imagens de celular e até conversar com os
próprios presos, que relatam as agressões. “Eu queria que os direitos humanos
fossem lá no Ipat para acompanhar as revistas, porque eles estão batendo neles.
Fiquei sabendo por outras pessoas. Eu, como mãe, vim ver”.

Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil) 

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