Pesquisa aponta que 7,3% de alunos aprendem matemática adequadamente

O índice é ainda menor quando consideradas apenas as escolas públicas

Postado em: 18-01-2017 às 08h14
Por: Renato
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O índice é ainda menor quando consideradas apenas as escolas públicas

O percentual de estudantes com aprendizado adequado no
Brasil aumentou do ensino fundamental ao ensino médio, de acordo com dados
divulgados nesta quarta-feira (18) pelo movimento Todos pela Educação.
Persiste, no entanto, um gargalo em matemática, no terceiro ano do ensino
médio. Ao deixar a escola, apenas 7,3% dos estudantes atingem níveis
satisfatórios de aprendizado. O índice é menor que o da última divulgação, em
2013, quando essa parcela era 9,3%.

O índice é ainda menor quando consideradas apenas as escolas
públicas. Apenas 3,6% têm aprendizado adequado, o que significa que 96,4% não
aprendem o esperado na escola. “É algo muito frustrante. A gente não está
conseguindo avançar na gestão da política pública educacional”, diz a
presidente executiva do movimento, Priscila Cruz. “Matemática é uma disciplina
cujo aprendizado é muito mais dependente da escola. Se não aprendeu na escola,
não aprende na vida. Diferentemente de leitura e interpretação de texto, que é
algo que os estudantes acabam praticando fora da escola”, acrescenta. 

O Brasil não tem, oficialmente, uma definição clara do que
deve ser aprendido em cada nível de ensino. O movimento Todos pela Educação
estabelece metas para que em 2022, ano do bicentenário da independência do
país, seja garantido a todas as crianças e jovens o direito à educação de
qualidade. O movimento estabelece também metas intermediárias de aprendizado.

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Pelos critérios do movimento, apesar de ter apresentado
nacionalmente um aumento no percentual de estudantes com aprendizado adequado,
o país cumpriu apenas a meta estipulada para o português no 5º ano do ensino
fundamental. A meta para a matemática no 3º ano era que 40,6% tivessem o
aprendizado adequado.

De acordo com a definição do Todos pela Educação, o
aprendizado adequado de matemática no ensino médio significa que os estudantes
tiraram pelo menos 350 no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Isso
os coloca no nível 5 de 10. São estudantes que conseguem pelo menos resolver
equações, determinar a semelhança entre imagens e calcular, por exemplo, a
divisão do lucro em relação a dois investimentos iniciais diferentes. “É o
mínimo adequado”, diz Priscila

Municípios

O levantamento mostra uma melhora em relação à primeira
etapa do ensino fundamental, que vai do 1º ao 5º ano – fase que, na educação
pública, é geralmente de competência dos municípios.

Entre 2005 e 2015, houve um aumento dos municípios com
maiores percentuais de estudantes com aprendizado adequado. Em 2005, 0,1% dos
municípios tinha mais de 75% dos estudantes aprendendo o mínimo adequado à
etapa. Esse índice saltou para 8,4% em 2015. Em matemática, também houve
aumento. Em 2005, nenhum município tinha mais de 75% dos estudantes com
aprendizado adequado. Em 2015, eram 4,2%.

“A política educacional nas áreas de matrícula e insumos
está ligada à expansão da educação, uma situação em que nem todos estão na
escola e é necessário expandir. Agora, para universalizar a qualidade é preciso
mudar a forma de fazer política educacional. Não é mais fazendo a mesma coisa
para todas as escolas, tem que ter uma segmentação e uma caracterização para
cada uma. Exige uma sofisticação de gestão muito maior”, defende Priscila.

Metas

Os números são baseados no resultado da Prova Brasil e do
Saeb), aplicados em 2015. A Prova Brasil é um dos componentes do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), considerado um importante indicador
de qualidade do ensino. O índice vai até dez e é calculado de dois em dois
anos. São divulgados indicadores do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do
3º ano do ensino médio, para português e matemática.

O Ideb de 2015 foi divulgado pelo governo no ano passado. A meta
para o índice de 2015 foi cumprida apenas no início do ensino fundamental.

Atualmente em discussão, a Base Nacional Comum Curricular
deverá definir o que os estudantes têm direito de aprender em cada etapa de
ensino. Isso deve, segundo Priscila, ajudar na definição clara das metas de
aprendizado. A expectativa é de que a Base do Ensino Fundamental seja divulgada
até março pelo Ministério da Educação e a do ensino médio, ainda este ano.

Foto: Reprodução (Agência Brasil) 

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