Muitas pichações e poucas denúncias

Delegacia de Meio Ambiente registrou apenas duas ocorrências em todo o ano de 2016. A orientação é que a população não deixe de denunciar as inscrições

Postado em: 19-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Delegacia de Meio Ambiente registrou apenas duas ocorrências em todo o ano de 2016. A orientação é que a população não deixe de denunciar as inscrições

Wilton Morais

Basta andar um pouco pelas regiões mais nobres da cidade, que logo se encontra diversas pichações na cidade. Na maioria das vezes a população já até se acostumou com a visão que se tornou um contraste da cidade. As inscrições são um crime ao meio ambiente e desagradam os proprietários de estabelecimentos. Conforme o titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano Carvalho, de 2 mil pontos pichados, apenas duas ocorrências foram realizadas. 

Na Avenida 83 no Setor Sul, a consultora de equipamentos para educação física Marcela Porto, relata que após a inauguração do estabelecimento, em maio do ano passado, os grupos – como são chamado os pichadores, marcaram a parede da loja. “Não quisemos tomar nenhuma medida. Se pintar vem alguém e picha de novo”, disse a consultora.

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Na rua do lazer no Centro da cidade, a proprietária de uma loja de óculos, Ana Lúcia, conta que solicitou a prefeitura para que as portas da loja fossem pintadas por grafiteiros. A intenção era inibir a atuação dos grupos de pichadores. “Pintaram todas as portas da loja. Mas não resolveu”, disse Ana. Uma das soluções encontradas por muitos comerciantes foi colocar cercas elétricas. A idéia é impedir o acesso dos grupos a partes mais elevadas dos estabelecimentos. “Mesmo assim, o máximo que fica sem pichações é no período de um mês”, conta a proprietária da loja.

Denúncia 

A reportagem do jornal O Hoje procurou diversos comerciantes da Capital sobre a realização de denúncias. Praticamente todos os questionados nos setores Marista, Sul e Centro nunca registram ocorrência. “É feio, mas também não me incomoda. Tínhamos um grafite aqui, depois que tiramos, apareceu à pichação. Mesmo assim, não fizemos denúncia”, disse a secretaria de uma auto-escola. 

O delegado Luziano relata que muitos grupos de pichadores já são identificados. “Praticamente temos que buscar a vítima. As inscrições começaram a voltar por agora de forma tímida, não está acentuado como era antes”. Segundo o delegado, de 2014 até o presente ano, foram identificados 425 suspeitos do crime. Os mesmos foram indiciados por organização criminosa e pichação. “Na semana passada ouvimos três pichadores. Eles eram mais velhos com idade entre 20 e 23 anos. De sete integrantes. Um virou grafiteiro, outros estão presos. Acabou a pichação, o grupo caminhou para outros crimes”, explica Luziano. 

Grupos

Ao analisar as imagens retratadas pela reportagem, o delegado apontou que na imagem do restaurante da Avenida 83, a pichação é recente. Datada em 2016, o grupo responsável é denominado como ‘Diversão Noturna’. Na imagem da loja de equipamentos para educação física, o escrito – ‘Barril’ – e a pichação da auto-escola – ‘Guru e Santo’, foram analisados pelo delegado que informou se tratar de novas pichações.  

Na loja de óculos, na rua do lazer, o delegado definiu as inscrições como bagunça. “Mesmo assim temos como identificar quem as fez”, disse. Apesar do combate, o delegado informou que alguns grupos e integrantes mudam de apelidos, na tentativa de driblar novas investigações. 

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