‘Golpe da Cobrança’ reaparece e hospitais pedem cuidado redobrado

Acompanhantes recebem ligações de supostos médicos cobrando pagamento antecipado de exames de pacientes em risco

Postado em: 23-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Acompanhantes recebem ligações de supostos médicos cobrando pagamento antecipado de exames de pacientes em risco

Bruna Policena

Em 2015 muitos familiares de pacientes internados na UTI receberam ligações de homens que se identificavam como médicos gerais do hospital ou até o próprio dono, pedindo que fosse feito um pagamento antecipado de um exame caro, ou alguma medicação, que por conta do preço, ainda não teria sido liberado pelo plano de saúde, mas precisava ser feito com urgência. No entanto, a frequência com que esse golpe vem sendo aplicado cresceu novamente.

Na época a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) pediu que o então secretário de segurança pública, José Eliton, tomasse providências e iniciasse investigações a respeito desse golpe da cobrança. As investigações não foram concluídas até hoje, e a grande questão é que estes golpistas tem total acesso a dados pessoais do paciente, que seriam informações internas do hospital. 

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Assim, trabalhando com hipóteses, a assessoria da Ahpaceg direcionou que os golpistas podem estar infiltrados nos cargos dos hospitais, ou com muita sagacidade, apresentarem-se por telefone como funcionários de planos de saúde e pedem o acesso às informações do hospital. Mesmo assim, a associação juntamente com os hospitais já está alertando pacientes e familiares sobre o golpe, e panfletos estão espalhados nos quadros de aviso dos hospitais para que futuras vítimas estejam alerta. 

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) também repassou o alerta, e solicitou aos médicos que orientem seus pacientes quanto ao golpe, e que não efetuem nenhum pagamento ou depósito se solicitado por telefone. E caso aconteça, é preciso que o paciente entre em contato imediatamente com a direção da unidade.  O presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, acrescentou que “reivindicamos que as investigações sejam concentradas em uma delegacia”. 

O Hoje procurou a Secretaria de Segurança Pública, mas as ligações não foram atendidas. E até o fechamento da edição, não houve nenhuma pronunciação da polícia quanto à retomada das investigações. 

Relatos

Olímpio Antônio levou seu pai para a urgência do Hospital Amparo, e com o plano do Ipasgo, deu entrada para internação, já que constataram que o caso se tratava de uma pneumonia grave. Há uns seis meses o mesmo senhor, Rodolfo de Oliveira, ficou quase 40 dias internado na UTI de um hospital que logo em seguida foi acusado de participar da máfia das ambulâncias e de prolongar a estadia dos pacientes na UTI para extorquir o paciente e o plano de saúde.

Por não ter vagas na UTI do Hospital Amparo, foi transferido para o Hospital dos Rins, e lá ficou por dez dias contanto com o período de estadia no quarto. Logo que entrou na UTI, seu filho recebeu uma ligação no celular enquanto estava em horário de serviço, em que um homem, identificando-se como médico geral do hospital, afirmou que Rodolfo precisava realizar um exame muito caro com urgência, e que o por ser sábado, o plano de saúde só liberaria na segunda.

O homem ainda afirmou que com o pré-exame já feito, foi constatada uma suspeita de câncer pulmonar, e que o paciente só poderia ser tratado com o pagamento adiantado desse segundo exame, e que o plano de saúde iria ressarci-lo posteriormente. De inicio colocou o preço de R$ 3,5 mil, e foi abaixando o preço à medida que Olimpio foi afirmando não ter o dinheiro em mãos.

No hospital, contando o caso para outro acompanhante, outro rapaz também relatou que sua irmã, de Minas Gerais, veio socorrer o pai que mora sozinho em Goiânia, e ainda na sua casa, recebeu um telefonema muito semelhante, e por conta da distancia, o desespero a fez cair no golpe e depositar um valor aproximado de R$ 5 mil, além de passar dados pessoais, que o golpista pediu.  

Hospitais cobram o uso de TV e ar condicionado

 Na primeira semana de janeiro, a Superintendência de Proteção dos Direitos do Consumidor (Procon) autuou nove hospitais da cidade por cobrarem de forma irregular e abusiva o uso de TV e ar condicionado, sem aviso prévio ou acordo com o paciente e acompanhante. Após denuncias de familiares que tiveram que pagar cerca de R$ 100 para usar os equipamentos, o Procon fiscalizou 22 unidades em Aparecida e na capital, e autuou as nove que tiveram a prática abusiva.

Para o usuário que já tem incluído no pacote do plano de saúde a utilização do mobiliário, está incluído o uso desses equipamentos do apartamento, sem nenhum acréscimo ou taxa extra, a não ser que o quarto não tenha, e se solicitado pelo usuário deve ser combinado de forma regular. O Procon orienta que os pacientes com plano de saúde podem escolher apartamentos com equipamentos não previstos e que é “legal e justa” a cobrança pela diferença.

Primeiramente, os pacientes e acompanhantes devem estar cientes do pacote que o plano de saúde pode cobrir e quais gastos estão incluídos. Caso o paciente tenha direito ao apartamento, a Ahpaceg orienta os hospitais que informem ao paciente o quarto ao qual ele tem direito por contrato e pode oferecer acomodações melhores, mas tudo negociado antecipadamente, e via contrato. A cobrança por taxas extras é abusiva quando o usuário tem o direito, e não é informado disso. E é cobrado por uma coisa que o plano já cobre.

 

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