Aterro sanitário de Goiânia está com os dias contados

Rede de alta tensão impede ampliação do aterro. Comurg realiza levantamento para verificar real situação. Para especialista, tempo de vida do aterro já pode estar esgotado

Postado em: 23-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Rede de alta tensão impede ampliação do aterro. Comurg realiza levantamento para verificar real situação. Para especialista, tempo de vida do aterro já pode estar esgotado

Wilton Morais

O aterro sanitário de Goiânia está com a capacidade de lotação acima de 70%. Localizado às margens da GO – 060, o aterro, fundado em 1993, possui cerca de 450 metros quadrados e recebe em média 45 mil toneladas de resíduos sólidos por mês. Conforme a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), uma rede de alta tensão, ao lado do aterro tem impedido a expansão do destino do lixo recolhido na capital. “Temos hoje mais ou menos três anos de capacidade do aterro, com a rede. Ela está do lado do aterro, encima da parte de extensão”, alerta o presidente da Comurg, Denes Pereira. 

Como solução imediata, a Comurg fará no decorrer da nova gestão a remoção da rede de alta tensão. “Caso retiremos a fiação, será possível ampliar a capacidade para recebermos o lixo. Assim teremos aterro para mais 30 anos”, explica o presidente. Atualmente a companhia realiza o monitoramento do espaço por 24 horas diárias. O que segundo Denes, por meio de um levantamento preliminar garante um aterro moderno e seguro.  

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Com pouco menos de 30 dias da nova gestão, a Companhia já iniciou a organização de um processo para solicitação de uma empresa ambiental – responsável por um laudo detalhado a respeito do aterro de Goiânia. “O laudo determinará o que deve ser feito. Assim como a retirada da rede de alta tensão, de forma rápida. Estamos levantando a real situação do aterro”.

De acordo com Denes, após o estudo, a rede de alta tensão será removida em parceria com a Celg ou pela própria Comurg. “Sem a Celg teríamos que abrir uma licitação. É justo a Celg entender que também é uma questão de estado”, disse.

Tempo esgotado

Núbia Natália de Brito, professora do Instituto de Química (IQ – UFG), conta que de forma geral, um aterro sanitário é projetado para um tempo de vida estimado em 15 a 20 anos. “Após esse tempo o mesmo tem que ser desativado e fica impossibilitado para utilização ou construções”, explica a professora. A solução para o espaço é a utilização como área de reflorestamento. “Mesmo após sua desativação o aterro continuará a produzir resíduo liquido denominado de percolado (chorume) por cerca de 50 anos”.

Para a especialista, os resíduos sólidos gerados pela sociedade moderna e consumista também são preocupantes quanto à vida de aterros sanitários. O processo industrial e o crescimento agrícola, somado ao crescimento populacional aumentam a quantidade de resíduos sólidos. “Os aterros recebem esses resíduos. O local então é impermeabilizado com materiais resistentes e os resíduos sólidos são alocados em celas de controle”, aponta sobre o risco. “Em geral, os gases gerados a partir da decomposição são queimados, mas podem ser canalizados para serem reaproveitados como fonte de energia”, complementa.

A professora adjunta do Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Karla Maria Silva de Faria diz que caso o aterro de Goiânia continue a receber mais lixo, a prática irá contra as políticas pensadas para o tratamento de resíduos. “O que envolve a coleta seletiva. Deve-se pensar em readequar os espaços destinados a aterros para que tenham tempo de vida expressivo”, sugere a especialista. 

Lagoas

Desde 2015, a Comurg realiza a construção de uma quarta lagoa – responsável pelo tratamento do chorume, na parte em expansão do aterro. “É duro responder. Eles [gestão anterior] não tinham dinheiro para pagar, por isso não ficou pronto. A falta de pagamento que impediu”, explica o presidente, quando questionado sobre o tempo gasto na construção da lagoa. “Agora estamos com a questão de processo. Agora que o secretario de administração tomou posse do cargo, já estamos levantando as possibilidades para retomada da construção da lagoa”, disse. 

O presidente da Comurg também contou a reportagem, que no inicio do ano, as lagoas de chorume estavam transbordando. “As lagoas estão sendo monitoradas, para que não estejam em perigo. A situação é gravíssima, e a Companhia já as colocou em uma situação aceitável”. Atualmente, 22 caminhões puxão o chorume que é destinado a Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia (ETE), para tratamento. 

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