Pessoas em vulrenabilidade ganham tratamento

Há dois anos, a dentista Daniele Poiatti dedica parte de seu tempo na clínica Esculpere para ajudar moradores de rua e dependentes químicos, devolvendo sorrisos àqueles que perderam tudo

Postado em: 26-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Há dois anos, a dentista Daniele Poiatti dedica parte de seu tempo na clínica Esculpere para ajudar moradores de rua e dependentes químicos, devolvendo sorrisos àqueles que perderam tudo

Da redação 

Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em convênio com o Ministério da Saúde -, apontavam que, em 2013 55,6% dos brasileiros não procuraram um dentista nem mesmo para consulta de rotina e quase metade não teria o hábito de escovar os dentes ao menos duas vezes ao dia e fazer uso do fio dental. Em meio a esse quadro alarmante, desde 2014, a odontóloga e proprietária da clínica Esculpere, Daniele Poiatti, desenvolve um trabalho especial para devolver o direito de sorrir a moradores de rua e usuários de entorpecentes na “Comunidade Terapêutica Reconstruindo Vidas”.

Especialista na realização de tratamentos e cirurgias estéticas bucais, Daniele decidiu dedicar também parte de seu tempo a reconstruir sorrisos de pessoas em situação de vulnerabilidade, cuja saúde bucal acaba se deteriorando ainda mais rapidamente, tanto pelos hábitos ruins do brasileiro em relação aos cuidados com a higiene, como pela falta de acesso a condições mínimas aliada muitas vezes ao uso de substâncias tóxicas. “São extrações, restaurações, reposições de falhas dos elementos dentários”, detalha a odontóloga sobre os tratamentos que oferece a seus pacientes especiais.

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De acordo com a PNS, pelo menos 11% da população brasileira já perdeu todos os dentes. Diante desse dado e do grande número de moradores de rua só na Capital, Daniele explica que a seleção de seus pacientes é feita pelo diretor da comunidade, de acordo com a história de cada um, mas de forma aleatória. A partir daí a odontóloga e sua equipe avalia o caso e adota a melhor solução buscando resultados como o do paciente identificado como Kennedy. “Ele nunca sorria, estava sempre cabisbaixo. Depois que colocamos a prótese e corrigimos as falhas, ele começou a sorrir e todos nós nos emocionamos muito. Ele tem mais dois irmãos, todos viciados em drogas. Depois do tratamento ele deixou a comunidade, voltou para a casa da mãe e agora está trabalhando”, relembra Poiatti.

Usuário de drogas por mais de 20 anos, Kennedy lembra com pesar de sua situação antes da transformação operada por sua passagem pela comunidade e o tratamento que devolveu seu sorriso. “Eu vivia com minha família, triste e arruinado. Estava no fundo do poço”, afirma. Mas mais do que voltar a sorrir, os cerca de 20 pacientes já atendidos pela Dra. Poiatti dentre os acolhimentos feitos pela comunidade redescobriram-se como membros da sociedade, deixando as ruas e buscando reatar laços familiares e inserção profissional. Para a odontóloga, essa é a grande recompensa do trabalho que desenvolve em parceria com a Comunidade.

É o que aconteceu com Kennedy, que muito embora tenha que lidar com limitações de raciocínio colaterais ao uso abusivo de entorpecentes se viu de volta ao convívio social após ser acolhido e receber o tratamento dentário. “Hoje tenho segurança, trabalho, vou à igreja e até paquero um pouco às vezes, graças à Deus”, conta com gratidão à odontóloga.

Como explica o diretor da Comunidade Terapêutica Reconstruindo Vidas, Antônio Carlos, o trabalho que já atendeu cerca de 150 pessoas nos dois anos de existência só é possível graças à atuação de profissionais como a Dra. Daniele Poiatti. “A comunidade se mantém exclusivamente de doações. As ajudas são bem vindas desde auxílio financeiro e alimentício a trabalho voluntário como aulas, atendimento médico e visitas aos internos”, ressalta.

Para ele, a parceria entre a clínica Esculpere e a Comunidade é crucial. “A seleção dos atendimentos se faz pelo grau de comprometimento da saúde bucal, ou seja, casos graves e urgentes têm prioridade. A parceria é inestimável já que resgata a auto-estima e a confiança de pessoas que se encontram até então à margem da sociedade, totalmente excluídas”, finaliza.

 

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