Prefeitura de Goiânia diminui postos de vacinação contra febre amarela

De acordo com órgão, a concentração das doses em 14 unidades de saúde facilitará triagem de pessoas

Postado em: 02-02-2017 às 08h59
Por: Sheyla Sousa
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De acordo com órgão, a concentração das doses em 14 unidades de saúde facilitará triagem de pessoas

Renan Castro

O estudante de Medicina, Breno Dias, 24, aguardava atendimento em uma fila que já chegava do lado de fora do Centro Integrado de Assistência Médica Sanitária (CIAMS), no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. Sob o sol escaldante das 15h20, Breno buscava informações com relação à vacina contra febre amarela, ontem (01). O jovem está de férias na Capital e já se prepara para voltar a Belo Horizonte (MG), onde mora e estuda. 

“A faculdade indicou para todos os alunos que estão fora do estado que se vacinem contra a febre amarela. Como foi lá que começou o surto já quero voltar vacinado, mas vi que será difícil com essa fila”, afirma Breno. 

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A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) adotou, na última terça-feira, 31, uma nova estratégia para vacinação dos goianienses. As doses agora estão concentradas em 14 unidades de saúde do município. O objetivo é atender as pessoas que nunca se vacinaram ou receberam apenas uma dose há mais de dez anos. A estratégia deixou de lado as 52 salas de vacinação da Prefeitura de Goiânia e preocupa quem precisa se prevenir contra a febre amarela. Pessoas ouvidas por O Hoje no CIAMS Pedro Ludovico temem que a medida sobrecarregue os postos de atendimento.

Goiânia é considerada área de risco para transmissão da febre amarela, contudo, conforme a SMS, o município não está em situação de surto e nem tem registrado mortes de macacos pela doença. “Com a alta demanda da vacina por quem não está apto a se vacinar, a nova estratégia de vacinação otimiza as cinco mil doses que o município possui para atender quem ainda precisa se imunizar”, destaca o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Robson Azevedo.

A dona de casa Lucinéia Bertolinio, 43, chegou ao CIAMS Pedro Ludovico, às 13h, e já estava na fila há mais de duas horas quando conversou com a reportagem de O Hoje. “A minha vacina já venceu e como o surto está se espalhando não posso esperar pra vacinar depois. Mas o atendimento está demorando demais”, reclama. Neste momento, um funcionário que orientava quem procurava informações sobre a febre amarela informou: “A vacinação só ocorreria até às 16h30. Quem estiver do lado de dentro quando fecharmos o portão será atendido e quem estiver do lado de fora terá que vir no outro dia”.

“Uma injustiça”, afirma a dona de casa Cristina Ruiz, 45. Ela também queria se vacinar e saber se a filha poderia. “É muita desinformação. Falta uma triagem mais eficiente e não podemos ficar tanto tempo do lado de fora nesse sol”, ressalta. Durante o período em que a reportagem de O Hoje esteve no local mais de 30 pessoas desistiram de continuar na fila para vacinação. Breno, Lucinéia e Cristina ainda não haviam sido atendidos quando a reportagem foi embora.

Demanda

A procura pela vacina contra a doença aumentou em todo o Brasil devido ao surto de febre amarela nos estados da região Sudeste, principalmente em Minas Gerais. Em Goiânia, a demanda triplicou e passou de cerca de 9.800 doses mensais em 2016, para 24.756 no primeiro mês de 2017. A estratégia do Ministério da Saúde é priorizar as ações de combate à doença nos locais que enfrentam surtos de febre amarela.

Todas as pessoas que já receberam duas ou mais doses estão protegidas e não precisam mais se vacinar contra a doença. Quem possui apenas uma dose da vacina deve esperar completar dez anos para receber o reforço. 

Foto: (Reprodução)

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