Abrigos de idosos não recebem repasse da prefeitura há três anos

Instituições de longa permanência que têm convênio com a prefeitura pedem que a situação regularize

Postado em: 13-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Instituições de longa permanência que têm convênio com a prefeitura pedem que a situação regularize

Bruna Policena

Em Goiânia há quatro Instituições de Longa Permanência para idosos que são conveniadas com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). Abrigo são Vicente de Paula, Abrigo Grupo Fraterno, Abrigo Solar Colombino e o Abrigo Casa Nosso País. A prefeitura é responsável pelo repasse de verba que é destinada para manter a as condições físicas e a qualidade de vida dos moradores desses abrigos. 

No entanto, o dinheiro não é repassado há aproximadamente três anos e por conta disso, precisam contar com doações, eventos beneficentes e a própria renda do idoso que mora lá. A esperança destas instituições é que no mandato do novo prefeito Iris Rezende (PMDB) as finanças entrem em ordem e o dinheiro volte a ser repassado normalmente. 

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A instituição São Vicente de Paulo existe há 34 anos e é cuidada pela família vicentina. Atualmente abriga 69 moradores que estão lá por diversos motivos, e para além do cuidado que é oferecido, têm ali como lar. E a assessora Isoleta Dilza, de 58 anos, foi quem apresentou ao O Hoje a instituição e os problemas enfrentados pela falta de verba. Isoleta trabalha no abrigo há 16 anos e explica que o dinheiro que vem da prefeitura é para comprar produtos de limpeza, higiene básica, alimentação e faxineiros.

No São Vicente de Paulo muitos de seus moradores não recebem visita da família e alguns não tem mais contato com parentes ou simplesmente não se lembram. Isoleta conta que alguns idosos chegaram ao abrigo sem nenhum documento pessoal, o que dificulta entender a história de vida ou contatar familiares. O Zé Careca é um desses idosos que não se recorda nem do próprio nome e não sabe a idade que tem, e por falta do documento, não recebe aposentadoria.

A instituição dispõe de profissionais como fisioterapeuta, enfermeiro, farmacêutico, assistente social e médicos. No entanto, no dia a dia, os idosos são acompanhados por sete cuidadores técnicos de enfermagem, que se dividem no período do dia e da noite. Isoleta explica que para levantar fundos, são feitos dois jantares beneficentes durante o ano, e além de doações de colaboradores diversos, a renda dos idosos é administrada pela equipe da instituição que compra o necessário.

A moradora Maria Vilma de Jesus, de 85 anos, é uma das mais recentes moradoras do abrigo. E com muito humor conta que tem 30 filhos, um biológico e os outros de coração. E que criou, formou e casou todos eles. E no abrigo encontrou companhia, cuidado e muitos namorados. A idosa morava na sua casa, sozinha e depois de uma queda, ela sentiu necessidade de um cuidado maior. 

Mas Isoleta conta que de início Maria demorou um tempo para aceitar a ideia, mas que aos poucos foi criando laços com os outros moradores. A amizade entre os idosos também conforta qualquer sentimento de solidão e abandono que é a realidade da maioria. As atividades de interação, como dominó, dama, baralho e o crochê fazem parte da rotina deles e ajuda a passar o tempo. A assessora ressalta que o trabalho bem feito de cada um da equipe é o que mantém a qualidade de vida dos idosos, já que a verba não vem há tempos.

Para conseguir uma vaga nestas instituições de longa permanência, é preciso primeira mente visita-la, apresentar-se a assistente social e, após o cadastro, entrar na fila de espera e aguardar a vaga sair. Os abrigos também recolhem os idosos que não tem nenhum vínculo familiar e não tem memória ou documentos pessoais. Mas Isoleta afirma que dos que chegaram sem identificação, já conseguiram regularizar sua situação, tirar os documentos e alguns já conseguem ter acesso ao beneficio. 

 

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