População sofre com falta de vagas em UTIs

Goiás possui 732 vagas em UTIs, o recomendado é que houvesse o dobro de leitos para todo o estado

Postado em: 21-02-2017 às 07h00
Por: Sheyla Sousa
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Goiás possui 732 vagas em UTIs, o recomendado é que houvesse o dobro de leitos para todo o estado

Da redação 

A responsabilidade de uma pessoa economicamente desamparada ser internada em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) compete ao poder público. O Estado deve disponibilizar leitos na rede pública, ou comprovando falta de vaga, o paciente deve ser internado na rede particular de saúde com os custos pagos pelo Governo Estadual. Atualmente, Goiás possui 732 leitos de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tais leitos estão distribuídos na Rede Própria (hospitais públicos) e na rede particular conveniada ao SUS. 

Entre os anos de 2006 e 2017, a quantidade de leitos da rede pública e conveniada passou de 447 para 732, de acordo com dados repassados pela Secretária Estadual de Saúde (SES). No total 65% das vagas estão concentradas na capital.

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As vagas de UTIs públicas em Goiás estão próximas do mínimo aceitável pelo Ministério da Saúde, porém ainda está longe do necessário. Caso as vagas fossem apenas para Goiânia, o número seria ideal, porém, o sistema entra em colapso, pois a capital acolhe pacientes oriundos de todos os municípios do Estado. Isso faz com que os pacientes aguardem em média cinco dias para conseguir uma vaga.

Os dados mostram que a cada três pacientes na fila de espera por vagas um é proveniente do interior do estado. Devido a uma rede de atenção básica precária e municípios do interior cada vez mais sufocados pela falta de atendimento, os velhos problemas persistem. Para atender todos os pacientes de Goiás, o recomendado é que houvesse o dobro de leitos para UTIs.

Na Saúde Pública de Goiás, além do grave problema da falta de vagas em UTIs, existem vários outros problemas como a falta de material básico para atendimento, falta de estrutura física adequada, o descaso com os pacientes e o atendimento precário.

Sem o número necessário de UTIs em funcionamento, tornou-se comum a espera de doentes e de seus familiares por vagas para internação. Para a recepcionista, Maria do Carmo, de 53 anos, que estava com o pai de 80 anos em estado grave no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO), a situação é dolorosa para seu pai e para toda a família. 

“Me senti impotente diante do sofrimento do meu pai, já tinha 15 dias que estávamos suplicando para que a direção conseguisse uma vaga para ele”, lamenta a recepcionista.

O sentimento da Maria do Carmo é o mesmo de outro homem que aguardava também na recepção do Hugo, na semana passada. Segundo o técnico em informática, Danilo Assunção, de 29, que veio de Hidrolândia, pois no município os hospitais não possuem suporte necessário. “Nos últimos dois anos, precisamos trazer minha tia três vezes em Goiânia, pois ela tem vários problemas no intestino. As vezes que precisamos de vaga em UTI tivemos que esperar mais de dez dias para conseguir”, afirma o técnico. 

A Constituição Federal reconhece e garante que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (artigo 196). É imposto ao Estado a obrigação de criar condições que possibilitem o efetivo acesso a tal direito.

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