Estudo expõe deficiências no saneamento em Goiás
Relatório foi apresentado ontem aos prefeitos municipais
Por: Sheyla Sousa
Mardem Costa Jr.
Um estudo realizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Cidades, Infraestrutura e Assuntos Metropolitanos (Secima) e divulgado ontem (21) aponta a necessidade de requalificação na prestação do saneamento básico nos 21 municípios que contam com sistemas de saneamento básicos independente da Saneamento de Goiás S/A (Saneago).
Segundo o Diagnóstico de Saneamento Básico, iniciado no final de 2015 e concluído no começo do ano, apenas 14 destas contam com departamentos especializados – caso de Catalão, Caldas Novas e Senador Canedo. No entanto, a falta de qualificação dos profissionais responsáveis pela água e esgoto ainda é um grande empecilho – somente 12 municípios contam com técnicos especializados.
Somado a isso, outro ponto preocupante: dos 21 municípios, sete captam, mas não fornecem água tratada aos munícipes – Cachoeira de Goiás, Colinas do Sul, Guarinos, Mossâmedes, Nova Roma, Paranaiguara e Vicentinópolis –, enquanto 13 não coletam o esgoto e 14 sequer tratam os dejetos. Em tempos de crise econômica, a falta de recursos para a expansão dos sistemas de saneamento básico é o principal empecilho alegado pelos gestores para a melhoria da rede.
De acordo com a engenheira civil Marisa Pignataro de Santana, especialista em saneamento básico da Secima, a intenção do levantamento técnico realizado pelo órgão é colaborar para que os municípios possam aprimorar os serviços. “Estamos aqui para ajudá-los de modo que consigam melhorar a qualidade do sistema de água e esgoto, consequentemente, a saúde da população”, assinala.
O secretário Vilmar Rocha (Secima) ponderou que a ação realizada pela pasta está inserida dentro do programa Goiás Mais Competitivo e que a Secretaria pretende atuar para auxiliar técnica e politicamente os prefeitos para que viabilizem os melhoramentos necessários. “Precisamos unir esforços para que o Estado avance no ranking de saneamento básico no Brasil, ainda mais que a nossa situação atual não é ruim se comparada à outros estados brasileiros”, arremata.
Rocha negou ainda que o governo estadual tenha o objetivo de pressionar os municípios para que abram mão da prestação direta dos serviços de água e esgoto e, por ventura, possam entregar a concessão para a Saneago ou outra empresa. “Essa é uma decisão política que cabe apenas às cidades e não tratamos dessa questão durante o evento. O grande ponto é que estamos prestando um serviço de consultoria, asssesoria, em prol dos municípios”, finaliza.
Tarifa
Ao mesmo tempo que os prefeitos alegam dificuldades na expansão da água e do esgoto em suas cidades, o estudo feito pela Secima aponta que dos 14 municípios que cobram algum tipo de tarifa pelos serviços de saneamento básico, apenas cinco cobram-no de forma suficiente a arcar com os custos operacionais e a possibilitar novos investimentos.
Sete cidades simplesmente não realizam nenhum tipo de cobrança. É o caso de Mossâmedes, a 150 quilômetros de Goiânia. A cidade é uma das sete que não contam com tratamento da água captada para o abastecimento público e a própria rede de captação e distribuição foi implementada de forma rudimentar, com tubulações de amianto .
Cassim Adorno (PDT), prefeito da cidade, salienta que há um projeto em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a implantação de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) no município. “A partir daí serão cobradas as taxas necessárias para a manutenção do sistema”, diz. Questionado por O Hoje sobre a falta de coleta e tratamento de esgoto, Adorno admite. “Estamos correndo atrás de verbas, mas o custo é alto para ser assumido sozinho pela cidade”.
CIDADES NÃO-ATENDIDAS PELA SANEAGO:
21 cidades com sistemas independentes
14 tratam a água
7 coletam e tratam o esgoto
7 não tratam a água captada e distribuída aos moradores
13 não coletam o esgoto
Cidades sem tratamento:
Cachoeira de Goiás, Colinas do Sul, Guarinos, Mossâmedes, Nova Roma, Paranaiguara e Vicentinópolis