Em três anos, 80 moradores de rua morreram em Goiânia

Caso mais recente é o de quatro moradores de rua que foram mortos debaixo de uma ponte da Avenida Castelo Branco

Postado em: 02-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Caso mais recente é o de quatro moradores de rua que foram mortos debaixo de uma ponte da Avenida Castelo Branco

Caio Marx

É estimado que 80 pessoas em situação de rua foram assassinadas nos últimos três anos em Goiânia, um número alarmante se comparado ao total de cerca de 400 pessoas que vivem em situação de rua na capital. O caso mais recente ocorreu na última terça-feira (28) quando quatro pessoas foram executadas a tiros embaixo de uma ponte na Avenida Castelo Branco, no Setor Esplanada Anicuns.

Os moradores de rua foram encontrados pouco antes das oito da noite, sendo três homens e uma mulher. O Corpo de Bombeiros constatou no momento que um ferido ainda estava vivo e o encaminhou ao Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), porém, a vítima veio a óbito na unidade, horas depois.

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Embaixo da ponte, dois dos homens foram baleados juntos, próximo a eles policiais encontraram o corpo de uma mulher, e mais à frente outro homem também estava baleado, porém, ainda respirava. A Polícia Civil relatou que as vítimas não portavam documentos. 

Duas das vítimas foram identificadas como Fábio Soares dos Reis e Lidiane Marques Silva, de 35 anos. Não há identificação dos demais. Segundo a PM, a ponte é utilizada como moradia para usuários de droga e moradores de rua. Há hipótese é que os assassinatos tenham sido motivados por um acerto de contas entre traficantes e usuários.

Dois deles, ainda de acordo com informações extra-oficiais, teriam sido baleados como forma de não reconhecer os autores. Os outros dois homens que também foram executados permanecem sem identificação. A Delegacia Estadual de Homicídios (DIH), afirmou que só irá se pronunciar sobre a chacina após a conclusão das investigações.

Regiões

Um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) apontou que 46,4% dos moradores em situação de rua vivem na região Central de Goiânia. Após a região Central vem a região Sul, com 15,8%, e a região Oeste, com 11,5%. Já a região Leste concentrava 10% das pessoas em situação de rua, seguida das regiões Norte (8,1%), Sudoeste (3,3%) e Noroeste (1,9%). Já 2,9% não souberam informar em quais locais costumam permanecer com maior frequência.

A explicação para vários moradores de rua se concentrar no Setor Central com ênfase nas avenidas Paranaíba e Independência é devido ao fato de uma grande circulação de pessoas. Com isso, os moradores de rua atual como pedintes e realizam bicos como vigia de carros e ambulantes, para garantir uma renda mínima para alimentação. Outro fato para a concentração ser maior no Centro da capital, é em função dos serviços de assistência pública, como Casa de Acolhida Cidadã, a Semas e o Complexo 24 horas.

Outro dado relevante do levantamento é em relação às crianças que estão vivendo nas ruas de Goiânia. Os pesquisadores ouviram dos entrevistados que houve uma redução nesse número de crianças nas ruas. Sendo assim, agora eles fazem um levantamento para saber se elas foram apreendidas pela polícia, por algum ato ilícito, ou se podem estar entre os mortos.

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