Mais de 50% da área do Ribeirão Anicuns está ocupada

Estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás realizaram pesquisa que constatou impactos ambientais negativos no noroeste de Goiânia

Postado em: 09-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás realizaram pesquisa que constatou impactos ambientais negativos no noroeste de Goiânia

ELISAMA XIMENES

As estudantes Gisele Andreia Rodrigues e Eliete Gonçalves, do curso de tecnologia em Geoprocessamento do IFG, precisavam fazer um projeto de conclusão do semestre. Então o professor João Paulo Magna e Giovanni Araújo Boggione as orientou a pesquisar a área que mais cresceu em Goiânia e, assim, os impactos ambientais desse crescimento na região. Foi assim que as estudantes chegaram à região noroeste, que, desde 2004, é a que mais cresce na capital. Nesse quadrante está 64% do Ribeirão Anicuns, que é o rio mais poluído de Goiânia. Entre as constatações da pesquisa, elas apuraram que o crescimento urbano chegou a atingir mais de 50% da área de preservação do rio.

A região noroeste inclui 12 bairros, que são drenados pelo ribeirão Anicuns, onde afluem os córregos Macambira, Cascavel e Botafogo. Eliete Gonçalves conta que, para a pesquisa, foram utilizados apenas dados gratuitos e que foi possível fazer um mapeamento das transformações ambientais na região, entre os anos de 2004 e 2014, por meio de imagens do ‘google earth’. Além dos dados na internet, o grupo também conseguiu informações com a própria prefeitura. “A ideia não era propor solução, mas apresentar um quadro para que a população tivesse ciência da situação da região”, explica Eliete. 

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Com a pesquisa foi possível concluir que 53% da Área de Preservação Permanente (APP), garantida por lei, do ribeirão, está ocupada. Parte dessa área é preenchida por residências e edificações e outra já está loteada para construções futuras. Eliete conta que boa parte da área de preservação ocupada foi regularizada pela prefeitura, mesmo que seja ilegal a construção urbana nas APPs. Conforme a pesquisa apontou, em 2004, já existiam construções irregulares e, em dez anos, elas só aumentaram. Entre as edificações no local, estão, inclusive, imóveis comerciais.

De acordo com o professor, e orientador, das estudantes João Paulo Magna, só seriam permitidas construções a 100 metros de cada margem do Ribeirão. As estudantes relatam que não tinham noção da gravidade do problema que iriam encontrar com o mapeamento. Para o professor, o principal objetivo dessa constatação geográfica é atentar a população para a preservação ambiental e evitar desmoronamentos, já que com a proximidade das moradias do rio, esse risco só aumenta. Assim, além de agir no cuidado com o meio ambiente, a ciência desses dados também pode ajudar a evitar futuros acidentes com os moradores da região.


Preservação

“A preservação também é importante para evitar assoreamentos”, explica o professor. A região está em risco do acidente ambiental, citado pelo professor, ocorrer, porque esse processo fica eminente quando há acúmulo de detritos, lixo, entulho ou outros materiais nos leitos de rios. Assim, os rios podem transbordar em épocas de chuvas e a população, que ocupa essa área, corre o risco de ter problemas com enchentes em breve. De acordo com Magna, na Vila São José, por exemplo, existem residências a 20 metros dos rios, sendo assim, uma população que corre um risco maior ainda de sofrer com inundações. 

Para o professor, o problema identificado na pesquisa é, além de ambiental, social. “Tem que ter alguma política pública para resolver esse problema”, reforça. A pesquisa também concluiu que essa ocupação indevida pode diminuir a permeabilidade do solo e provocar uma perda da vegetação, pelo lançamento de resíduos e desaguamento de esgotos. Os dados são, também, da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), que aponta o Ribeirão Anicuns como o mais poluído de Goiânia. Para detectar os dados, o grupo utilizou de técnicas de processamento digital de imagens e de sistemas de informações geográficas. Dessa maneira, foi possível tratar as imagens do google e viabilizá-las para o mapeamento.

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