Falta de professores deixa crianças sem aula

Servidores da educação se organizam para reivindicar a convocação de concursados para resolver o problema do déficit

Postado em: 09-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Servidores da educação se organizam para reivindicar a convocação de concursados para resolver o problema do déficit

Elisama Ximenes

Eliane Rosa Neri trabalha com serviços gerais e desde meados de 2015 tenta vaga no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), do setor Orienteville, em Goiânia, para seu filho de 2 anos e 4 meses. No mês passado, no entanto, ela conseguiu a vaga, mas até hoje as aulas não começaram. O motivo do adiamento é a falta de professores na unidade. De acordo com informações que circulam pelos bairros, o Cmei está com um déficit de 11 funcionários, entre professores e administrativos. Membros do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed) reiteram a informação e, atualmente, reivindicam uma negociação com a Prefeitura para que haja contratação de professores e cumprimento de outras pautas levantadas por eles.

Na manhã de ontem (8), os servidores se reuniram em assembleia geral para discutir um possível indicativo de greve. Na ocasião, ficou marcada uma paralisação municipal para o dia 15 de março. Além disso, também marcaram uma nova reunião para discutir se haverá, ou não, greve no dia 6 de abril. Os trabalhadores reivindicam o pagamento do piso nacional para os professores, a convocação dos aprovados no concurso do ano passado e o recebimento da data base para o pessoal do administrativo. A reivindicação pela convocação dos concursados é uma das pautas principais, porque, de acordo com o sindicato, a prefeitura tem colocado servidores temporários para tapar buracos.

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Desde o último concurso, realizado no ano passado, existem 4.725 concursados que ainda não foram chamados. O vice-coordenador geral do Simsed, Valmer Medeiros, afirma que “mesmo que eles convoquem todos os servidores desse último concurso, ainda vai ter déficit nas unidades da Capital”. Na última quinta-feira (2), em audiência pública, a Prefeitura respondeu que, dos mais de 4 mil aprovados, apenas 660 serão convocados. Além disso, 1.375 temporários devem ser chamados antes da convocação dos concursados.

Enquanto a Educação sofre com esses déficits, Eliane tem que levar o filho para o serviço e, muitas vezes, recusar oportunidades, porque tem que cuidar da criança, que não tem onde ficar. “Eles mandaram para casa até quem já estava tendo aula, mesmo quem já estava utilizando a creche, agora está sem aula”, afirma a moradora. A história se repete com Carla Stokelen, que também mora no Orienteville. Sua filha, de 14 anos, cursa o 9º ano do Ensino Fundamental e, também, está sem aulas. “Ela até vai para a escola e, quando tem a aula que não tem professor, eles ficam lá na escola mesmo sem ter o que fazer”, relata. Segundo a moradora, isso acontece desde o ano passado e a resposta que têm é que o déficit ocorre devido à transição de poder na Prefeitura. Carla também denunciou que os problemas se repetem em outros bairros.

De acordo com informações do Conselho Tutelar da Região Oeste da Capital, há cerca de 300 crianças aguardando vagas no Cmeis da região, sem contar as que conseguiram a vaga, mas estão sem aula. Frente a isso, os professores se reúnem para deliberar maneiras de reivindicação e, inclusive, uma carta à prefeitura já foi protocolada, de acordo com o vice-coordenador geral do Simsed. “Até agora não vimos resultados, abrir vagas temporárias não resolve”, afirma Valmer. Ele conta, também, que, muitas vezes, a prefeitura dobra a carga horária dos professores para suprir os déficits, o que, ao ver dele, também não soluciona o problema. “É triste ver essa situação em uma cidade com mais de 400 instituições de ensino municipais”, finaliza.

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