Novo aparelho para tratamento de câncer do Araújo Jorge

Aparelho traz mais conforto para os pacientes com câncer e reduz o tempo do tratamento | Foto: Wesley Costa

Postado em: 01-05-2021 às 08h25
Por: Daniell Alves
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Aparelho traz mais conforto para os pacientes com câncer e reduz o tempo do tratamento | Foto: Wesley Costa

Com a previsão de novos 21 mil casos de câncer até 2022 em Goiás, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), conseguir otimizar o tempo de tratamento dos pacientes será um dos obstáculos enfrentados pelos médicos, mas agora a O Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) conta com meios tecnológicos avançados. Trata-se da tecnologia de radioterapia que pode reduzir em até 50% o tempo de tratamento contra o câncer.

Denominado Acelerador Linear Infinity, o equipamento deve ampliar em cerca de 30% a quantidade de pacientes atendidos por dia. A partir deste mês, o aparelho já começa a ser utilizado de forma oficial. É que depois de meses instalando, calibrando e certificando seu mais novo acelerador linear, a instituição já está atendendo os primeiros pacientes no equipamento. Entre eles está Francisco Carlos Mendes da Silva, 70 anos, que trata um câncer de próstata na unidade.

Segundo o HAJ, o tratamento convencional de câncer de próstata, por exemplo, dura, em média, 40 sessões de radioterapia, quantidade que pode cair para 20 com o Infinity. No câncer de mama, a redução pode ser de 28 para 15 sessões. E no câncer de pulmão, de 34 para apenas cinco. Além disto, o método proporciona mais conforto ao paciente, poupando as estruturas normais em volta do tumor e garantindo que as doses do medicamento para os tecidos normais sejam tão baixas quanto possível.

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Em entrevista ao O Hoje, o chefe do Setor de Radioterapia do HAJ, Jean Paiva, explica que o acelerador é a máquina utilizada para tratar os tumores, sejam ele benignos ou malignos. “Usualmente, os protocolos de tratamento de radioterapia são diários. Os pacientes recebem sessões que duram entre 15 a 20 minutos em uma rotina de segunda a sexta-feira. O tratamento total pode durar de 30 a 60 dias”, informa.

Entre os diferenciais da alta tecnologia está a de que o aparelho poupa os órgãos que estão saudáveis. Na prática, aumenta a concentração de dose no tumor, podendo elevar as chances de cura do paciente e permite que o tratamento diminua em até a metade. “A chegada desse acelerador deixa a gente muito feliz porque ele traz o que há de mais moderno na radioterapia”, afirma.

Nova era

Desse modo, a chegada do Infinity, equipamento fabricado pela Elekta, tem sido vista como o início de uma nova era para o tratamento oncológico no Estado. Isto porque estudo recente do Ministério da Saúde (MS) mostrou que dos 363 aceleradores existentes no Brasil, 122 estão obsoletos. Destes, 95 pertencem a serviços que atendem a população carente e apenas 6% estão instalados na região Centro-Oeste.

O panorama pode ser confirmado no próprio Setor de Radioterapia (SRT) do HAJ, que atualmente conta com três aceleradores lineares, todos com mais de 20 anos de uso. Levando em conta que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), em média, seis de cada dez pacientes oncológicos vão passar, em algum momento, por tratamento com radiação ionizante, pode-se dizer que a chegada do novo equipamento representa mais esperança para quem luta contra o câncer.

No quesito atualização tecnológica, o início dos atendimentos com o Infinity também reforça o título de hospital referência que o HAJ carrega há muitas décadas.  “A aquisição deste acelerador linear e do novo sistema de planejamento nos coloca na mesma posição tecnológica dos maiores centros de referência em oncologia do mundo. Ofereceremos, tanto para a rede pública quanto para a privada, técnicas de última geração, como IMRT, IGRT, SBRT, entre outras. Além disso, como instituição que abriga a Residência Médica em Rádio Oncologia, formaremos profissionais ainda mais capacitados”, comenta Jean Paiva. 

Compromisso com o paciente

Na prática, além de ser mais rápido, os feixes de irradiação no Infinity são muito mais precisos. Hoje, ao fazer o planejamento para irradiar uma área no corpo do paciente, o médico deve prever um raio em torno do tumor, em um computador que não se comunica com o aparelho concomitantemente.

“Com a nova tecnologia, essa visualização é em tempo real, por meio de um controle de dados totalmente automatizado, permitindo que as adequações nos feixes sejam feitas de forma instantânea. Assim, o tratamento fica também mais preciso, seguro e mais rápido porque será possível lançar radiação mais concentrada”, explica Paiva.

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