Colecionadores movimentam sebos

Apaixonados por coleções garimpam estabelecimentos à procura de itens raros

Postado em: 18-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apaixonados por coleções garimpam estabelecimentos à procura de itens raros

Renato Estevão

Amor, fascínio, paixão, ternura. É difícil explicar o real sentimento dos colecionadores. Para eles a prática de colecionar é algo insaciável e não se limita. Seus apegos às coleções são difíceis ou impossíveis de serem desfeitas. Eles as têm como a sua própria metade ou algo indispensável que foram construídas por memórias captadas em momentos significativos da vida. Os colecionadores mantêm sentimentos por elas que vão além da razão.

Vários são os motivos que levam as pessoas a se tornarem colecionadoras. Acredita-se que um futuro colecionador tende a ter vontade, necessidade ou prazer em colecionar alguma coisa. Assim, as coleções surgem de forma proposital ou casual, conforme o histórico da pessoa. Elas veem de laços familiares, seja de um presente recebido desde a infância, de produto que soma a outro e mais a outro e outro, até formar-se uma coleção. Criança, adolescente, adulto, idoso, enfim, não há idade para se render ao gosto da prática de colecionar.

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O Jornal O Hoje conversou com colecionadores que são clientes de uma livraria onde se comercializa além de livros, revistas, CDs, DVDs e LPs, localizada entre as ruas 4 e 9, no Setor Central, em Goiânia. Alguns deles confessaram que as sensações de colecionar é algo inexplicável. Apesar das coleções estarem ligadas diretamente ao consumismo, o valor não é o fator que determina as compras. Muitas delas são concluídas pelo produto raro que completa ou valoriza a coleção.

Paixão pela música

Luis Dias, 46, é natural de Santos, município do litoral paulista. Ele está em Goiânia a trabalho. O comissário de voo, além de nutrir a sua paixão pelos ares, tem também fascínio por diversos gêneros musicais, pois trabalha também como DJ. A sua coleção de LPs, os famosos discos de vinil, abrange rock, samba, carimbó, batucada, entre outras. Segundo Dias, o que levou ele a se tornar colecionador foi o convívio com o pai durante a infância. “Eu me lembro de já criança vendo o meu pai ouvindo Wilson Simonal e Jorge Ben. Então foi ali que começou a minha paixão pelos discos. Desde quando me entendo de gente eu me vejo com um vinil na mão’’, brincou.

Outro colecionador é o bancário baiano Carlos Roberto Pereira Rego Júnior, 35, que mora há três anos em Goiânia. Júnior é colecionador de CDs e recorda que aos 15 anos de idade, comprou o primeiro CD, um álbum da banda Titãs. Aquele acústico de 1997 da banda pop rock, foi só o início de uma coleção que reuniria incríveis 600 títulos, incluindo álbuns nacionais e internacionais. Entre seus vários CDs, o bancário confessou que o cantor Caetano Veloso é um dos seus artistas favoritos quando vai à procura de aumentar sua coleção. “O que eu tenho mais é Caetano (Veloso). O que sai dele eu procuro logo para não ficar sem”, confessou.

Comércio

Max Weider, 41, é gerente da livraria há 13 anos. A sua chegada ao estabelecimento foi a princípio quando a loja era um sebo legítimo, apenas com produtos de segunda mão como livros, gibis, revistas e LPs usados. Os CDs e DVDs só vieram depois, assim como a televisão surgiu após o rádio, a internet veio anos depois da chegada da televisão e a música digital após o sucesso dos CDs. O gerente conta que os LPs e as fitas K7 que eram as únicas formas de mídia da época, sempre fizeram sucesso. Segundo ele, os colecionadores sempre procuram pelos produtos na loja, mesmo com a chegada da internet que possibilitou a digitalização das músicas e a chegada de livros digitais no mercado. “Antes do surgimento dos CDs a procura pelo LP era muito grande e hoje continua. Devido ao auge, naquela época existia mais procura do que hoje”, revela.

A novidade da era digital permitiu que outros colecionadores aparecessem ao contemplo da música. “O interessante foi observar que todo mundo que tinha LP – que havia feito durante anos, queria desfazê-los para transformá-los em CDs”, contou o gerente. De acordo com Wender, a praticidade e o espaço reduzido contribuiu para a migração do colecionador de LP para o CD. “Era um material compacto, pequeno e prático. Uma ilusão que eles tinham que ocupariam menos espaço nos seus armários, nas suas estantes”, contou.

Mas mesmo com a pouca procura os colecionadores não deixaram de contemplar o som dos LPs. Luiz conta que mesmo com o avanço da tecnologia, com a vinda dos CDs, os LPs não perderam os seus clientes, tampouco os seus colecionadores, pelo contrário, outras gerações se adequaram ao velho som do disco. “Uma nova garotada está acompanhando esse som”, finaliza. 

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