Grávidas beneficiárias do bolsa família receberão repelente gratuito

A expectativa é de que até o fim do mês os produtos estejam disponíveis em todos municípios goianos

Postado em: 20-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A expectativa é de que até o fim do mês os produtos estejam disponíveis em todos municípios goianos

Da redação

O Governo Federal deu início à distribuição de repelentes gratuitos para gestantes em todo o Brasil. O benefício é para mulheres de baixa renda, que fazem parte do Programa Bolsa Família. Ao todo, serão entregues sete lotes do produto até dezembro de 2017. O objetivo é prevenir casos de microcefalia e outros problemas de saúde em bebês, que são provocados pela infecção do vírus Zika durante a gestação.

De acordo com a gerente de assistente farmacêutica da Secretaria de Saúde do Estado, Maria Bernadete de Nápole, a distribuição dos repelentes para as prefeituras goianas, responsáveis pela entrega dos produtos às gestantes, está sendo feita desde o início de março. No interior, a partilha será via secretarias regionais, apenas em Goiânia e Aparecida de Goiânia a distribuição é direta, porque o volume de repelentes é grande. 

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Ainda segundo a gerente, todas as cidades da região central e centro-sul já receberam os repelentes, e até o fim do mês eles estarão disponíveis em todos os municípios. A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informou que está definindo a logística para entrega dos produtos, e que até a próxima semana será definido o fluxo de distribuição para as mulheres. Inicialmente, as grávidas terão acesso a dois frascos por mês e receberão orientações de uso. 

“Organização da entrega depende da realidade de cada município, e será feira no local mais adequado para a gestante ter acesso. A primeira parcela é entregue em 30 dias, a segunda em 60 e assim sucessivamente, até o fim das sete parcelas”, explica Bernadete.  A assistente farmacêutica também afirma que a única restrição é para crianças, que não podem usar o produto. 

Alto índice

De acordo com dados da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, apenas em 2016 foram registrados 215.319 casos de infecções pelo vírus Zika no país. Em 2017, já são 1.653 casos, sendo que no Estado houve 989 em 2016, e 213 apenas este ano. Em relação à incidência de microcefalia causada pela doença, os dados também são assustadores.

A região Centro-Oeste é a terceira no ranking, com 6,5% dos casos, atrás apenas da região Nordeste (65,7%) e Sudeste (20,6%). Goiás teve uma contribuição significativa no índice, com 216 notificações de recém-nascidos e crianças com alterações no crescimento e desenvolvimento possivelmente relacionadas à infecção pelo vírus Zika.

 Carentes sofrem mais riscos 

Para a médica infectologista do Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia (HDT), Heloína Claret de Castro, gestantes com melhor poder aquisitivo têm mais chances de se protegerem contra a doença, que, por isso, pode afetar mais mulheres de baixa renda. “Quem tem melhores condições sociais, com casa com ar condicionado e possibilidade de ficar em ambientes fechados, por exemplo, está mais protegida. O que não é a realidade da maioria da população”, afirma.

A médica avalia como positiva a medida do Governo Federal, principalmente em função do preço dos repelentes. “A distribuição é válida, mas não pode ser feita sem informação para a população. A gestante precisa saber por que ela está usando aquele produto. Para nós da classe média pode parecer uma coisa populista, mas veja o preço desses repelentes. Os preços são altos para quem tem condição socioeconômica baixa”, destaca.

Fabiana André, de 20 anos, sabe bem como os repelentes do mercado são pouco acessíveis. Grávida do terceiro filho, João Vitor, ela afirma que não utiliza o produto porque é caro. A jovem está grávida de três meses e recebe o Bolsa Família, mesmo assim o benefício não é suficiente para a sua proteção contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus Zika, Dengue e Chikungunya. “Os médicos pedem para a gente comprar o repelente, mas ele é caro e não tenho condições de comprar. Acabo não usando”, conta.

Com medo da transmissão da doença não apenas para ela como também para os dois filhos, Dandara, de 5 anos, e Kauã, de 2 anos, Fabiana verifica o quintal com frequência em busca de possíveis focos do mosquito. No entanto, a gestante, cuja gravidez é de risco, teme que a ação não seja o bastante para proteger o próximo filho do vírus, e acha que o acesso ao repelente gratuito será de grande ajuda. 

Riscos

A médica infectologista Heloína Claret lembra que a infecção pelo Zika vírus pode ser assintomática, e que a prevenção é essencial, especialmente nos primeiros meses de gravidez. “O maior risco da infecção, independente da mãe apresentar sintomas ou não, é nos três primeiros meses da gestação, quando pode haver comprometimento cerebral do feto, como a microcefalia, e até comprometimentos dos olhos. O vírus que tem um potencial de comprometer o sistema nervoso em formação”, explica. 

 

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