Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Vizinhos do lixo, moradores de Aparecida temem doenças

Moradores de diversos bairros de Aparecida reclamam do mau cheiro e animais peçonhentos | Foto: Reprodução/Claudino Antunes

Postado em: 20-05-2021 às 07h55
Por: João Paulo
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Moradores de diversos bairros de Aparecida reclamam do mau cheiro e animais peçonhentos | Foto: Reprodução/Claudino Antunes

Moradores de diversos setores de Aparecida reclamam de entulhos espalhados em lotes baldios da cidade. As paisagens desses locais são compostas por restos de móveis, entulhos oriundos de construções e até mesmo lixo doméstico. O resultado disso é o acúmulo de mau cheiro na região, aparecimento de animais peçonhentos dentro das casas e aumento nos casos de dengue.

A servidora pública Adriana Carvalho conta que mora há 15 anos no Bairro Itapuã e convive com essa situação desagradável nas redondezas de casa. “O povo joga lixo nas crateras que se abrem na rua. Pelo fato do setor não ser um setor de chácaras, o pessoal acaba fazendo isso para as ruas ficarem transitáveis. Mas isso prejudica demais a gente. Tem dias que não aguentamos de tanto mau cheiro”, afirma.

Segundo ela, é possível encontrar de tudo no local. Desde móveis até restos de animais mortos. Com esse verdadeiro banquete para animais peçonhentos, ela afirma que já encontrou lacraias e até cobras dentro de casa. “Foi horrível. Aqui dentro de casa, eu e meu marido já matamos várias espécies desses animais. E sei que todos eles são atraídos por essa quantidade de lixo que é jogada na região”, destaca.

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Adriana afirma que o asfalto na região seria um meio para diminuir tanto lixo nas vias do setor. Porém, segundo ela, não há previsão para que isso aconteça. “A última informação que tivemos é que, para passar o asfalto, seria necessário a passagem da rede de esgoto. Mas até o momento não temos nem uma nem outra”, pontua.

O lixo também tem sido problema no Jardim Cristal. Segundo o presidente da Associação de Moradores do setor, Claudiomar Marques de Araújo, o despejo é realizado nas proximidades de um condomínio horizontal da região. O cenário não é diferente. Tem a presença de materiais de construção, animais mortos e muito, mais muito lixo doméstico.

“É uma verdadeira carniça. Ninguém aguenta ficar perto. E olha que ali é próxima a prefeitura. Tem pessoas que já pensam em vender suas casas para sair dali, pois não aguentam conviver com essa situação. E não há fiscalização. As pessoas acabam jogando lixo e vão embora”, destaca.

Segundo ele, a situação já causa preocupação devido ao grande risco de doenças que se aproveitam desse descuido. Ele cita como exemplo a dengue, que ganhou menos evidência nos últimos tempos por causa da pandemia do novo coronavírus. “A gente fica com muito receio de tudo isso. Lá tem muitos objetos que servem como criadouros do Aedes aegypti. Tem moradores que, além da Covid, já foram contaminados com a dengue”, reforça.

Segundo ele, ocorrências de acidentes com animais peçonhentos não são difíceis de serem encontradas. “A gente tem preocupação com as nossas crianças, que não sabem onde estão os perigos e podem ir nesses lugares com toda a inocência e acabam sendo vítimas de um acidente. Cobras, escorpiões, lacraias, sapos são alguns dos animais que já ouvi relato de moradores que encontraram por aqui”, pontua.

Claudiomar cobra um posicionamento da prefeitura para reverter essa situação. “A gente está muito próximo da prefeitura. É um descaso com a gente que paga uma taxa de lixo tão cara e nos deparamos com essa situação. Isso aqui é perigo para a saúde pública de quem mora aqui perto.

Lixão

José Aurélio mostra que há um lixão entre o Jardim Buriti Sereno e Bairro Itapuã. Segundo ele, os resíduos estão atingindo os leitos dos córregos Piaçava e Tamanduá. “Isso é uma vergonha. Isso foi autorizado pela prefeitura e está acabando com o meio ambiente naquela região. Esse local tinha sido embargado e agora voltou atrás. Ninguém aguenta tanta carniça”, reforça.

Segundo ela, o acúmulo desse lixo acaba trazendo muitos problemas para os moradores da região. “Além da degradação do meio ambiente, ainda atinge as pessoas que moram na região. É muita carniça. Animais. Doença. É um combo de problemas. E a gente paga um imposto caro. Ninguém aguenta mais isso não”, disse.

Resposta

Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) informou que “está com equipes de roçagem atuando em diversas frentes por toda a cidade, limpando tanto as áreas públicas quanto as áreas privadas. Informa ainda que a obrigatoriedade de limpeza e manutenção dos lotes não edificados é do proprietário do imóvel, mas que faz o serviço para reduzir os problemas ocasionados pelo mato alto aos moradores vizinhos.”

Com relação aos bairros relacionados na matéria, a SDU disse que “desde a semana passada as máquinas atuam na roçagem dos lotes baldios do setor Buriti Sereno. Por ser o maior bairro da cidade, a pasta explica que em breve todo o bairro será contemplado com a roçagem. Sobre o Jardim Cristal, a SDU informa que uma equipe está fazendo os serviços no bairro vizinho e que nos próximos dias irão entrar no setor. Já sobre o Bairro Itapuã, as máquinas de roçagem entram no setor no início de junho.”

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