Novas remessas de vacinas contra Covid-19 podem ajudar a conter terceira onda em Goiás

Terceiro lote da Pfizer, com 21.060 doses, chegou ao estado nesta quarta-feira (19), e outras remessas devem chegar ao longo das próximas semanas. Apesar disso, novas variantes do coronavírus e falta de cuidados da população preocupam cientistas

Postado em: 20-05-2021 às 17h40
Por: Redação
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Terceiro lote da Pfizer, com 21.060 doses, chegou ao estado nesta quarta-feira (19), e outras remessas devem chegar ao longo das próximas semanas. Apesar disso, novas variantes do coronavírus e falta de cuidados da população preocupam cientistas | Foto: reprodução

Alice Mariel

O Estado de Goiás recebeu o terceiro lote de vacinas da Pfizer contra o Covid-19 na madrugada desta quarta-feira (19/05). As 21.060 unidades de imunizante da BioNTech serão distribuídas aos municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Trindade e Rio Verde, por cumprirem as exigências de armazenamento em baixas temperaturas.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a nova leva soma 217.160 vacinas recebidas, com 79.600 destas destinadas à aplicação da primeira dose e 116.500 para o reforço. Esses números, aliados as próximas remessas, que devem chegar no decorrer das próximas semanas, são a esperança de que a terceira onda possa ser contida em Goiás, ou que pelo menos, não cause mais mortes do que a segunda onda.

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O secretário de Estado da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, afirmou que “a aplicação das vacinas avançou e temos números sensíveis que mostram diminuição das internações das pessoas idosas e dos trabalhadores da saúde”. Nos últimos 40 dias, o número de leitos ocupados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) apresentou melhora, mas ainda exige preocupação. “Não podemos pensar que a pandemia acabou”, avisa.

Terceira onda

O último boletim do Observatório Covid-19, comandado pela Fiocruz e divulgado na quinta-feira (13/05), indicou uma “ligeira redução” nas taxas de mortalidade por Covid-19 no Brasil em relação às duas semanas anteriores, mas ligou o alerta para a possibilidade de um novo aumento nas contaminações a partir de julho.

“A pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo das próximas semanas, além de dar oportunidade para o surgimento de novas variantes do vírus devido à intensidade da transmissão”, informa o boletim. “Uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave”.

A advertência vem de um estudo realizado pelo Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, o país pode chegar a 751 mil mortes pela doença até 27 de agosto, aproximando-se da marca de 1 milhão de mortos em setembro.

Apesar de sombrio, o cenário ainda é otimista em relação aos cuidados tomados contra a pandemia. A estimativa leva em conta o uso de máscaras de alta eficácia por 95% da população – o que deixa de fora as máscaras de tecido, TNT e demais materiais que oferecem um obstáculo físico contra o vírus mas baixa filtração do ar. 

“A máscara de tipo PFF2 [Peça Facial Filtrante de categoria 2] foi comprovada como a melhor barreira contra o vírus, mas não tem sido tão usada por diversos mitos, como o de que seria mais cara em relação às outras”, alertou a Dra. Ana Paula Kipnis, imunologista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pós-doutora pela Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos. 

Segundo Kipnis, é necessário incentivar a distribuição e uso da PFF2 – também conhecida como N95, na sigla americana -, uma vez que a peça se adere melhor ao rosto e garante maior proteção ao usuário. “As pessoas precisam trabalhar, sair, e nem sempre o distanciamento é possível. Por isso a máscara tem tanta importância”, ela salienta.

Para além da proteção individual, a vacinação ainda é essencial para frear o número de casos graves provocados pelo vírus. “É preciso encorajar as pessoas que têm medo de reações [da vacina], e enfatizar que é muito melhor para a sua saúde estar imunizado”, lembra a professora. 

Para a imunologista, o recebimento de doses da marca Pfizer/BioNTech é animador, pois é a única que oferece proteção contra o contágio, impedindo que a pessoa vacinada seja capaz de carregar o vírus e se tornar um vetor.  Ela destaca que “com menos fontes de transmissão, a máscara já não será mais necessária. Países que usaram doses da Pfizer estão retirando a obrigatoriedade da máscara, como os Estados Unidos. No entanto, com outras vacinas, os cuidados ainda devem ser tomados para evitar infectar outras pessoas”.

Outra preocupação apresentada pela Dra. Ana Paula Kipnis é a variante B.1.617, descoberta na Índia ainda em 2020 e que agora demonstrou ser uma das responsáveis pelo crescimento de casos no local, já tendo sido detectada em outros 44 países.

“As variantes apresentam um maior risco de contaminação, e até o momento a única vacina eficaz contra qualquer mutação do vírus é a Coronavac, por possuir o código genético do coronavírus completo em sua composição”, disse a imunologista. “O fator mais importante é lembrar de manter os cuidados que se mostraram eficientes, como proteção facial, higienização das mãos e distanciamento social”. 

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