Sem médicos, população lota Cais em busca de atendimentos

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alega que médicos devem comparecer a secretaria para renovarem contratos

Postado em: 28-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alega que médicos devem comparecer a secretaria para renovarem contratos

Wilton Morais

A crise na saúde pública do município completou hoje (28), seis dias, desde que a prefeitura exonerou 480 médicos, na quinta-feira (23) e procura realizar novos contratos. Ainda ontem (27), era previsto um efetivo de 39 médicos para realizar o atendimento em todos os Cais, Ciams e UPAS da cidade. Do efetivo previsto para a segunda-feira, apenas 26 estavam presentes. A falta era de 13 médicos para o dia. A consequência atingiu diretamente o atendimento em toda a cidade. No Cais Chácara do Governador, uma funcionaria que não pode se identificar disse que a demanda de pacientes duplicou. “Vou chegar, em casa, como um trapo”, contou fadigada. 

“O médico vai e volta, mas não atende”, relata Rosilene Guimarães que está encostada pela INSS. Com a filha Yoranna Guimarães nos braços, a mulher esperava por mais de duas horas. A jovem Yoranna estava pálida e amarela, já com muita falta de ar. “Se não der aqui, teremos que ir para o Cais de Campinas”, disse Rosilene. Poucos minutos após a conversa com a reportagem, Yoranna foi chamada para a triagem e funcionários da unidade informaram que a jovem seria atendida por causa da situação em que estava.

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A cabeleireira Cizia dos Santos Costa, mãe de Adryan José, disse esperar por atendimento a mais de três horas e meia. “Minha criança está com febre e vomitando muito. Está assim desde ontem”, questionou. “Talvez seja uma infecção alimentar”, complementou. Em um canto do Cais, a doméstica Lia Margarete Duarte já se apresentava cansada. “Chequei antes do almoço. Eram onze horas. Aqui já estava bem lotado, tinha pessoas desde as sete horas sem atendimento”, contou Lia que estava com dores no pescoço. “Pode ser até tumor”, disse.

Uma funcionaria do Cais que atendia na recepção disse que chegou pessoas no Centro de Saúde que já haviam passado por quatro unidades. Não havia cadeira vazia, agoniados os pacientes sentavam até no meio fio em frente ao Cais.

Desagradável

Para o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) a nova proposta da prefeitura é desagradável. O sindicato alega não ter sido ouvido pela prefeitura que oferece contratos em forma de prestação de serviços. Por outro lado, a SMS alega que não houve exoneração, mesmo com uma publicação oficial no Diário Oficial do município. 

Já os médicos que se negam a comparecer na Pasta, para assinar o novo modelo de contrato questionam a falta de diálogo, com o sindicato. A prefeitura alega que possui médicos efetivos, aprovados por concurso público, e médicos que prestam serviços, por meio de contrato de credenciamento. Mas o previsto para ontem era baixo, em todo o município e com as faltas o efeito foi maior. Eram quase dois médicos para cada unidade. Segundo a pasta seriam necessários dois clínicos gerais; um cirurgião e dois pediatras em cada unidade, podendo variar conforme a carga horária do profissional.

No cais de Campinas, diferente do encontrado pela reportagem na sexta-feira (24), o atendimento contava com três médicos durante a manhã de ontem. No sábado (25) a previsão do efetivo médico era de 40 profissionais. Apenas 17 compareceram ao trabalho, em toda Capital. O Simego ressalta que não orientou as faltas de profissionais. Para o sindicato as faltas foram espontâneas e não uma decisão coletiva. O sindicato também reforça que os médicos contratados devem cumprir as cláusulas do documento sobre pena de corte de remuneração. Hoje às 19 horas, o Simego realiza uma reunião com os médicos para discutir; modalidades de contratação de médicos; remuneração dos médicos; condições de trabalho e segurança dos profissionais; Direitos trabalhistas; e outros assuntos de interesse da categoria. 

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