Covid-19: Óbitos em UTIs públicas são maiores do que em UTIs privadas

Nos hospitais públicos, 54% dos pacientes internados para tratamento da doença faleceram. Já nos hospitais privados, 30,4% dos pacientes vieram a óbito

Postado em: 03-06-2021 às 08h30
Por: Maiara Dal Bosco
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Nos hospitais públicos, 54% dos pacientes internados para tratamento da doença faleceram. Já nos hospitais privados, 30,4% dos pacientes vieram a óbito | Foto: reprodução

Segundo dados do Projeto UTIs Brasileiras, do começo da pandemia até o dia 26 de maio de 2021, 54% dos pacientes internados para tratamento de Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), em hospitais públicos faleceram. Já nos hospitais privados, a taxa é de 30,4%. Os dados são de 641 hospitais (398 públicos e 243 privados) monitorados pelo Projeto. 

Para Sérgio Zanetta, médico infectologista e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo, entretanto, os dados não podem ser comparados somente entre si, porque frequentemente as UTIs públicas são quem recebem, de um modo geral, os pacientes com os casos mais graves de Covid-19. “Normalmente, os casos mais graves tendem a ser transferidos para esses hospitais, então não podemos olhar somente o desfecho porque eu avalio qual a gravidade do paciente que deu entrada na UTI, se já entrarem muito graves, naturalmente, os desfechos serão mais graves”, explica. 

Apesar disso, o especialista alerta que os dados do Projeto são válidos para chamar a atenção sobre a atenção da pandemia. “O estudo nos mostra que, que na melhor das hipóteses, somente 50% das pessoas que vão pra UTI, sobrevivem, em média, sendo que se têm óbitos entre 50% e 80% em média nas UTIs do País. É preciso também levar em conta a entrada dos pacientes no ambiente hospitalar”, destaca.

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Para o professor de Saúde Pública, os dados misturam ainda pacientes de fases diferentes da pandemia. “Por volta de maio e junho de 2020, as primeiras informações que se sabia sobre a pandemia, nos países em que foi mais rápida, os pacientes evoluíam rapidamente pra necessidade de intubação e recebimento de ventilação mecânica, tanto é que o mundo se mobilizou onde um dos principais fatores era tentar garantir a disponibilidade de respiradores”, pontua.

Já no segundo semestre de 2020, Sérgio Zanetta explica que houve um avanço com a compreensão médica sobre a doença. “Identificou-se, em primeiro lugar que era adequado detectar precocemente sinais de insuficiência respiratória e realizar intervenções menos agressivas com ventilação, utilizando máscaras, dispositivos de ventilação menos invasivos. Dessa forma, muitos casos que poderiam evoluir, passariam a ser adequadamente manejados em leitos hospitalares, com medicação específica.”, pontua. Segundo o infectologista, esse aprendizado começou a produzir cerca de 30% de sobrevida a mais nos leitos de UTI, com inclusive, a redução da letalidade.

Segundo o Boletim Observatório Covid-19, divulgado em maio pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os casos de SRAG são responsáveis por incidências graves de doenças respiratórias, que demandam hospitalização ou levam a óbito. São atualmente, em grande parte, devido a infecções por Sars-CoV-2. Além disso, pela primeira vez no Brasil, a mediana da idade de internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) de todo o País ficou abaixo de 60 anos. 

Fatores

Já para Renato Grinbaum, médico infectologista e docente do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), os fatores que levam à maior taxa de letalidade nos serviços públicos têm a ver, inicialmente, com a população. “A população que frequenta hospital público muitas vezes tem mais dificuldade para acesso e acompanhamento médico inicial. Em segundo lugar, muitos hospitais foram sucateados, têm superlotação, falta de equipamento e de pessoal. Além disso, há alguns recursos são inacessíveis em termos de serviços públicos”, afirma. 

O infectologista ressalta que, dentro do tratamento hospitalar o que é mais importante são as condições físicas e humanas de trabalho. Segundo Renato, as estimativas dão conta de que por um lado a vacinação cresce, mas a divergência está no fato de que a vacinação é lenta e existe a chegada de novas variantes, e com essa imprevisibilidade é importante que as autoridades criem uma estrutura para atendimento que possa ser utilizada.

Covid-19 em Goiás

Segundo dados do Painel Covid-19 da Secretaria de Estado e Saúde de Goiás (SES-GO), divulgados nesta quarta-feira (02), Goiás registrou 5.162 novos casos e 100 óbitos por Covid-19 em 24 horas. É a primeira vez desde março que o Estado registra mais de 5 mil casos da doença. 

São 612.597 casos de doença pelo coronavírus no território goiano. Destes, há o registro de 583.591 pessoas recuperadas e 17.167 óbitos confirmados. No Estado, há 463.308 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 279.325 casos. (Especial para O Hoje)

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